sexta-feira, 28 de maio de 2010

Peso, nutrição e corrida


Tomei um pito ontem da minha nutricionista, a Simone da Luz Silveira. Não consegui atingir as metas que ela tinha estabelecido desde a minha última visita, que eram baixar de peso - para 82kg, e de índice de gordura, de 20,7 para 18.

Para completar a desgraça, mostrei colesterol total (213), Hdl colesterol bom (40) e triglicerídeos (161). "Mas cooooomo?", diz ela. Aí a gente analisa o que eu como, e vê que não dá para fazer milagre. Como "salada não leva a nada", cria-se uma dificuldade imensa de melhorar esses índices. Recomendou-me tentar esquecer a pizzaria, pois além do carboidrato, vem muita gordura e sal, o que não é bom para quem é hipertenso. E eu tenho uma imensa facilidade de ganhar peso. Consigo a proeza de engordar 4kg fácil numa semana.

Só que então, depois de um imenso sermão, ela calcula todos os índices de gordura do corpo, e, mesmo fazendo muita coisa errada, baixei para 19,6 o percentual de gordura, embora a meta de peso ainda esteja bem distante: estava com 86,8. Já cheguei a passar por lá com 84. E a ideia era chegar em 82...

Tenho duas metas nas duas próximas maratonas: fazer menos de 3h30 no Rio e algo em torno de 3h10 (!!) em Buenos Aires. Isso só será possível, se me enquadrar nos parâmetros que ela estabeleceu, pois 2 kg já são suficientes para ser preciso treinar mais para conseguir render a mesmíssima coisa... Então, logicamente, a gente precisa sempre estar dentro de um peso ideal, senão é muito mais esforço. Isso que a Simone até me elogia. Disse que corro muito bem para a estrutura ósseo-corporal que tenho, que a minha genética ajuda, pois consigo correr mesmo abdicando de muita coisa nutritiva, de uma alimentação mais saudável e balanceada, e que umas farinhas e uns carboidratos já servem para a minha máquina funcionar bem.

Pior é que nessa semana de ressaca pós-maratona, uma porção de pessoas já ficou sedenta por novas maratonas, inclusive eu, que estou com uma coceirinha nos pés para treinar longos, já imaginando bons desempenhos ali na frente. Só não faço ainda, porque sei que tão importante quanto o treino, é o descanso, ainda mais depois de um esforço grande que é fazer uma maratona.

Por enquanto, o jeito é se contentar com os 10km da Adidas no domingo.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Mais uma Maratona de Porto Alegre

Domingo, 23 de maio, 6h da manhã. Ainda era uma escuridão quando chego na nossa barraca armada no Parque da Harmonia, para minha 18ª participação na Maratona de Porto Alegre.

Não dormi tudo que queria, mas também não foi insuficiente. Despertei umas duas vezes durante a noite, fruto da ansiedade e expectativa naturais diante do evento, mas foi só uma questão de virar para o lado e voltar ao descanso.

O dia não amanheceu como seria o ideal para nós maratonistas. Temperatura agradável, com algum vento, céu encoberto e instável, mas não aquele frio que deveria estar nessa época do ano.

Às 7h em ponto, deu-se a largada feminina. 15 minutos depois, largamos nós, homens, e o povo do revezamento em duplas.

Saí com o Zé Luiz, meu amigo carioca, para fazer a média de 5min/km. O primeiro já não deu por conta do tráfego intenso e a via estreita na Loureiro da Silva, mas nos 2 ou 3 seguintes conseguimos ajustar isso. O Pedro da Conceição logo em seguida juntou-se a nós.



O começo de maratona sempre é muito tranquilo. Os quilômetros passam ligeirinho. Quando a gente vê já está no 10. Fizemos em 49:43. Bem dentro do previsto. Vez que outra, a gente dava uma aceleradinha por conta de alguma descida, e eu ficava dando pito nos dois, para a gente maneirar.

Logo no retorno da Goethe (km 11 ou 12) enxergo o Edson, o Alessandro e o Valdomiro, mais ou menos juntos, dois deles, a meu ver, mais rápido do que deviam. Esse ponto do trajeto, na minha ótica, é um dos piores, porque tem subida para chegar na Vasco da Gama, durante ela, e depois quando ingressamos na Goethe e viaduto da Silva Só. Claro que comparando Porto Alegre com Porto Alegre, porque com as outras maratonas, aí é filé mignon.

Já na Botafogo, lá pelo km 15, a Esa passa de bike por mim, em busca da Bina e da Bruna, que estavam mais à frente. Passamos pelo Shopping Praia de Belas e ainda na avenida homônima encontro a Nara, na altura do km 18. Pergunto se está tudo bem, ela me responde afirmativamente e sigo em frente, já imaginando que encontraria a dupla de pupilas logo em seguida.

Nesse ínterim, o Pedrão já não nos acompanha e fica pouquinha coisa para trás quando ingressamos na João Alfredo. Retornamos à avenida Loureiro da Silva e vamos em direção ao Gasômetro, já quase chegando na meia maratona, onde havia a troca do revezamento. Lá ouvi uns 2 ou 3 gritarem "Baldi!", mas não me perguntem quem, porque não consegui identificar voz e localização (muita informação ao mesmo tempo) no meio do povo que lá estava. Do outro lado da rua, a "negrinha" e mais alguém que a minha memória não lembra dando aquela força. E nada de encontrar as gurias...

Quase no 24, a Esa passa novamente de bike, e eu já avistava as duas, e só pela passada já dava para ver a Bruna estava cansadíssima. Alcanço-as, a Esa tira uma foto de nós 4, e eu e o Zé seguimos em frente. Mas ele também já dá sinais de cansaço.


Mais alguns quilômetros e já estamos no Barra Shopping, onde passamos o Júlio Cordeiro, dentista e marathon maniac pernambucano. Um pouco mais à frente, encontramos o João Batista, super bem, dentro do contexto de alguém que havia feito, no dia anterior (!), a K42, em Bombinhas-SC. Mais à frente, a Lu Santana também.

O Zé dizia desde mais ou menos o 30 (passamos em 2:29:26): "Vamos ver se conseguimos manter 5 por 1 até o 35, se der, e depois acho que vou ter que baixar, porque tá difícil para mim." Só que, como alguns sabem, eu dou umas "enroladas" psicológicas nas minhas parcerias... e assim fui conseguindo levar o Zé a subir a Wenceslau, que é uma parte ruim àquela altura da prova, dizendo que logo em seguida havia uma descida e a gente descansava... E assim chegamos no 35 (2:54:38).

Pegamos a Diário de Notícias, onde me pareceu que estava bem mais quente, e a Lúcia nos encontrou no km 36, no Barra Shopping, para o suporte da nossa campanha "Adote um maratonista". Pedi um "Twix", que eu adoro e já tinha deixado separado na mochila, e que pareceu que era o mais adequado para aquele momento, já que não estava muito a fim de tomar mais um gel (já havia tomado 3 - no 10, 20 e 28). Vou dizer que não é muito fácil ficar mastigando chocolate enquanto a gente corre, mas acho que caiu bem, pelo menos no plano mental. Se ajudou fisicamente, realmente não sei.

O Zé já tinha me mandado ir embora umas 40 vezes até ali, mas a gente estava praticamente entrando na Beira-Rio para os últimos 4 km, não seria agora que eu iria largá-lo por conta de 2 ou 3 minutos a menos. E eu seguia "castigando-o", puxando o que dava, e ele reclamando de dores na posterior da coxa. Mas era o jeito de chegar...



O ritmo caiu um pouquinho já que ele não suportava mais os 5min/km e para mim também já havia deixado de ser confortável há muito tempo. Fizemos dois a 5:16 e 5:15, respectivamente, e ele reclamando muito de cãibra. Os últimos dois acabaram sendo em 5:29 e 5:34, o que foi extremamente tranquilo para mim na reta final, e concluímos em 3:34:11, 281º e 282º dentre os 1.119 homens que terminaram a prova.

Pouco depois de 5 minutos, chegou a Bina, fechando em 3:55, o que a deixou extremamente contente. A Bruna, apesar de não completar a meta da 4h (fez 4:12), também chegou feliz com a missão cumprida. E vale ressaltar o desempenho do Mário: 3h05, o que não é para qualquer mortal. Mas, amigo, te disse que conseguias.

Dentre mortos e feridos, gritos e gemidos, acho que todos saíram contentes com o desempenho, mesmo nem sempre sendo o esperado. É bom lembrar que não fez os 14, 15 graus que normalmente habitam POA nesse período. Aí o negócio é esquecer as metas e fazer o possível, ou seja, chegar. O que não é pouca coisa. E, claro, agora é treinar mais e melhor para a próxima, porque, a cada dia que passa, sempre é possível melhorar alguma coisa.

No meu caso, a melhora já tem dia, hora e local marcados: 18 de julho, 7h30, Cidade Maravilhosa. Quero fazer abaixo de 3h30, nem que seja um segundo... e depois melhorar bem mais para Buenos Aires, dia 10 de outubro.




Agradecimentos ao Matias, Japa, Lara pelas fotos.

Parciais:
km 1- 5:08
km 2- 4:57
km 3- 4:53
km 4- 4:56
km 5 - 4:56
km 6 - 5:00
km 7 - 4:56
km 8 - 4:56
km 9 - 5:01
km 10 - 4:57
km 11 - 4:55
km 12 - 5:01
km 13 - 4:54
km 14 - 5:00
km 15 - 4:58
km 16 - 4:59
km 17 - 4:51
km 18 - 5:04
km 19 - 4:59
km 20 - 4:55
km 21 - 4:58
km 22 - 4:59
km 23 - 4:54
km 24 - 5:00
km 25 - 5:03
km 26 - 4:59
km 27 - 5:00
km 28 - 5:10
km 29 - 4:57
km 30 - 4:58
km 31 - 5:02
km 32 - 4:57
km 33 - 4:58
km 34 - 5:03
km 35 - 5:09
km 36 - 5:00
km 37 - 5:07
km 38 - 5:16
km 39 - 5:15
km 40 - 5:26
km 41 - 5:29
km 42 - 5:34
(total 42,47km)

sexta-feira, 21 de maio de 2010

A entrega do kit da maratona


Antes que eu esqueça de falar sobre, ontem, quinta, fui pegar meus amigos que chegaram do Rio para participar da Maratona.

Eles estão hospedados na Cidade Baixa, no Hotel Master que fica na Sarmento Leite. E a entrega do kit é na loja Win da Nilo Peçanha... Acho que ninguém se deu conta da mão-de-obra que criaram para as pessoas que não são de Porto Alegre. Todo mundo que vem de fora logicamente se hospeda nos hotéis próximos à largada. Evidentemente, a entrega do kit deveria ser ali perto e não lá no fim do mundo. Fim do mundo até para quem é daqui. Como as pessoas chegarão até lá para pegar o kit? Pegam 2 ônibus, duas horas de descolamento para ir, mais duas para voltar? Criaram um transtorno terrível para o povo, só para fazer uma propagandinha para a loja. Que, no final das contas, periga ser até negativa.

Não obstante a distância até para quem é de Porto Alegre, e torcendo para que eu queime minha língua, mas, sinceramente, aquela loja não tem estrutura para atender às 4.000 pessoas que iriam pegar os kits, mesmo sendo possível isso em 3 dias. Não há espaço físico para atender tanta gente. Nem tempo. É uma questão matemática: a loja fica aberta das 9h às 19h. São 10 h x 3 dias = 30 horas. Se temos 4.000 pessoas para pegar os kits em 30 horas, teremos 133 pessoas por hora, mais de duas por minuto... Isso, supondo que seja uma entrega uniforme, sem picos de horários. Claro, mais de uma pessoa pode atender ao mesmo tempo. Mas aí a gente olha o tamanho do local e vê que isso fica meio complicado... Ou seja, já dá para antever o caos que deve estar por lá. Tenho pena de quem for buscar o kit amanhã, sábado. O meu já estava separado, pois o Daniel iria pegar de toda equipe, mas isso não me faz indiferente aos transtornos que as pessoas terão para pegar os seus.

Se lembramos de um passado não muito distante, já houve filas imensas no Ginásio da Brigada, que é 20 vezes maior. Então, é de ficarmos preocupados.

Porto Alegre já foi referência na entrega dos kits. Houve uma época em que chegávamos no Ginásio da Brigada, procurávamos nosso nome numa listagem, olhávamos o número correspondente e íamos na banca respectiva. Simples assim. Aí era só testar o chip e pronto. Coisa de 5 minutos. Eu tenho uma imensa dificuldade, mas imensa mesmo, em entender porque mudaram.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Maratona de Porto Alegre, domingo


Domingo, teremos a maratona de Porto Alegre.

Embora não exista uma fórmula para fazer bem uma, assim como não há fórmula para o sucesso, algumas coisas são básicas e devem ser levadas em consideração.

Uma delas é dormir bem durante a semana. Lógico que há sempre um componente de ansiedade, nervosismo, pressão antes de uma maratona. Isso acontece até com quem já completou 37 maratonas (e não completou outras duas) , como eu. Mas é fundamental dormir bem. Deitar na cama e desligar. Ou pelo menos tentar. Se a gente fica pensando nas coisas, aí mesmo que o sono não vem de jeito algum. E cansado por ter dormido pouco, ninguém fará uma boa prova.

Durante muito tempo, talvez uns 10 anos, não terminava correndo as provas. Em 1994, terminei em 3h20, e caminhei no quilômetro 40. Uma idiotice, se formos pensar hoje. Era uma época amadora ainda, informações restritas, muito entusiasmo e pouca sabedoria da minha parte. Numa dessas maratonas, fiz a primeira metade em 1h30. Mantido o ritmo, teria sido meu melhor tempo na história. Mas não havia como manter, pois foi um erro de estratégia.

Se existe um segredo numa maratona, assim como em qualquer prova, é a regularidade. Se eu sei e acho que vou fazer em 3h30, numa média de 5min/km, não adianta me entusiasmar, por estar me sentindo
momentaneamente bem, e ficar correndo a 4:45/km. Não existe mágica. Ali na frente, o corpo vai cobrar essa diferença que parece pouca de 15s por quilômetro, mas não é: isso são 10 minutos no tempo total.

Ah, mas eu estava me sentindo bem, por isso andei a 4:45... Evidente, estamos treinados para uma maratona, vai dar para correr a 4:45 um bom tempo, mas quando não der mais... a casa cai. E cai com tudo.

Até achar o 'caminho das pedras', em 2001, com 3h11, inúmeras vezes errei pelo ímpeto desmedido. Mesmo nessa maratona em que quebrei meu recorde, cometi erros. Saí forte até onde agüentei e depois 'quebrei', só que eu quis correr o risco, porque sabia que iria estabelecer uma nova marca.

Outra questão chave é a parte psicológica. E são duas partes. A primeira é estar confiante antes de a prova começar. Confiante, mas não auto-suficiente. E jamais pessimista ou desesperançoso. "Treinei menos do que queria". Azar! Vamos fazer o que treinamos, então! Se não imaginarmos que iremos fazer uma boa prova, certamente não faremos.

A segunda parte é lidar com o sofrimento depois do km 30 e poucos. Porque todo mundo vai sentir o esforço numa hora da prova. Eu normalmente sinto lá pelo km 36. É onde o ritmo cai um pouco (ou bastante... 2 vezes no Rio, por exemplo). E é preciso saber administrar isso. Muita coisa dói no corpo, o cansaço é inevitável e a vontade de caminhar também. E não dá para deixar que ela vença a nossa vontade de terminar a prova, e logo. Não importa se outros estão caminhando também. Foi porque erraram em algum momento da estratégia. Saíram forte demais. Há estatísticas que dizem que 80% dos corredores saem mais forte do que deveriam!

Puxa, maratona já é, de certa forma, um sofrimento. Por mais que estejamos treinados, correr 3h e tanto desgasta qualquer um. E se a gente erra, sofre mais ainda.

É preciso saber se conhecer, saber o que o nosso corpo pode ou não. Os treinos servem justamente prá isso. Para a gente errar e aprender.

Porto Alegre é a melhor maratona do Brasil. É aqui que se deve debutar, é aqui onde é possível se obter a melhor marca, em função do relevo e da temperatura. Quanto a ela, ainda é uma incógnita nessa semana final. Está fresquinho, 14 graus pela manhã, mas pode abrir sol e esquentar, o que seria um desgaste a mais para aqueles que correrão.

Outra coisa que não se pode prescindir é a hidratação e a reposição dos carboidratos. Sempre levo 3 ou 4 sachês de carboidratos em gel, e tomo, a princípio, no km 12, no 22, no 32, e o outro é um coringa, se for preciso readaptar esse planejamento. Tomar água em todos os postos, mesmo que seja só um pouquinho, jogar na cabeça e no resto do corpo (ajuda a baixar a temperatura), tudo isso não pode ser esquecido. E a vaselina nas partes que podem gerar atrito e tornar a corrida desconfortável depois de um certo tempo. Lógico que, se o tempo esquentar demais, é preciso rever tudo isso e se adaptar.

Gosto de dividir sempre a maratona em 3 partes de 14km. Dá para ter uma noção de quanto vai ser o tempo final e, assim, ao passar pelo primeiro período, tenho uma parcial e, depois comparo com a segunda parte, que, necessariamente, tem que estar bem próxima, afinal, maratona, acima de tudo é constância. Depois, o resto, é uma contagem regressiva. E ela tem que ser otimista.

Lá pelos trinta e poucos, multiplico os quilômetros por 5 minutos (no caso, meu ritmo) e começo a mentalizar: “Faltam quarenta minutos. Falta meia-hora.” Pode ser que eu não consiga manter a média de 5min/km, e, muitas vezes, não consigo mesmo, mas não é essa a questão. O fato é esquecer que já se passaram 30,35 quilômetros, e que falta pouco, muito pouco para completar um objetivo que foi traçado há algum tempo e que demandou um considerável esforço de nossa parte. E a gente tem que ser forte, porque não existe prazer sem algum tipo de sofrimento.

Queria ter treinado um pouco mais, para tentar fazer a prova abaixo de 3h20, o que não será possível, já que os primeiros 4 meses foram uma loucura de trabalho aqui no escritório. Não foi só a falta de treino, mas também de foco, porque não conseguia me desligar dos problemas. Mas azar, em outubro, no feriadão do dia das crianças, tem a Maratona de Buenos Aires, para a qual já estou inscrito. E as fichas estarão depositadas naquela prova. É para ela que treinarei forte. Domingo agora, o jeito vai ser sair a 5min/km até a metade da prova e depois ver se dá para acelerar e terminar bem. A ideia é este corredor de número 133 cruzar a linha de chegada em 3h25. O que der abaixo disso é lucro e me deixará bem contente. Mas, claro, tem que haver uma conspiração positiva do tempo, meu principal aliado (ou inimigo).

Nessa edição, vai ter muita gente da nossa equipe dando suporte com bikes durante o trajeto, no projeto que denominamos "Adote um maratonista." Creio que isso ajudará muitos corredores nem tão experientes ou que estejam começando.

E, se o tempo colaborar com um friozinho, pouca umidade e vento, semana que vem estarei aqui contando que tudo certo para todo mundo. Tomara.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Gramado Adventure Running

Subimos a serra no fim-de-semana para participar do 2º Gramado Adventure Running, prova organizada pelo Daniel, nosso estimado treinador.

Fizemos aquela confraternização na sexta, jantamos juntos, e o no sábado às 10h começa a pedreira. Eu e a Bruna na dupla mista. Eram 7 duplas mistas, mas uns dias antes, a parceira do João Batista teve dores nas costas e acabou ficando de fora. Ele partiu para a prova individual, e a gente agradeceu, já que seriam adversários fortes.

Eu nem vi a largada, pois já fui com a Liane (que nos deu suporte a prova toda) para o primeiro posto de troca, uns 6km dali. Embora minhas 2.518 recomendações, a Bruna fez o trecho (que era descida) mais forte do que devia, de modo que chegou só uns 2 minutos depois do Mário. Quem o conhece, sabe do que estou falando e que ela fez bem forte mesmo, tanto que a Bina, que foi escalada para acompanhá-la no primeiro trecho, teve dificuldades na tarefa.

Larguei e, logo em seguida, alcancei a Lu Fiovarante, cuja dupla seria nossa principal adversária. O trecho 2 não era mole. Já no começo, subíamos... O Bruno Thomaz, do extinto blog Correndo na Chuva, que me encontrou por ali, disse que era só essa primeira grande subida e depois era mais tranquilo. Não foi bem assim, Bruno... não foi mesmo.

Como tudo que sobe, normalmente desce, a Lu me passou novamente, mas eu tinha na mente que a prova era de resistência. E inteligência. Repeti várias vezes para a Bruna que ela seria decidida no último trecho dela e no último meu. Então, tínhamos que correr de forma a estarmos em boas condições quando chegasse esse momento.





Tinha que fazer o meu feijão-com-arroz, sem me preocupar com quem está passando e sem aquela competividade, ainda mais nesse momento inicial da prova. Mas logo em seguida, veio nova subida e enxergava lá no topo o povo caminhando. Só pensei que não podia caminhar e fui em frente. A Lu ficou para trás novamente e daqui prá frente não a vi mais nesse trecho, que era muito bonito e difícil, passando por algumas fazendas. O pessoal só comentava nas subidas: "Se esse é o médio, estou imaginando o trecho difícil." Bem no finalzinho, já no asfalto e perto da Expogramado, avistei o Rafa, que fazia dupla com o Mário. Alcancei-o logo depois da entrada e fechei esse trecho (de 9,05km) em 55:26. Embora não soubéssemos com certeza e ainda não estivéssemos preocupados com isso, estávamos em primeiro e 4:50 na frente.




(no final do trecho 2)

E lá se foi a Bruna para fazer o trecho do Lago Negro, que era um pouco menor (7km). Em 35 minutos, ela chegou no posto, que ficava atrás da rodoviária. Enquanto esperávamos, chegou um atleta, cujo parceiro não estava ali. Ele gritava "Telmo, Telmo, Telmo!" e nada do Telmo... Nós ainda comentávamos: "Só podia ser Telmo". Pois 5 minutos depois chega o Japa-Telmo-gerente e descobrimos que o Telmo aquele era o mesmo...

O trecho 4 era o "buraco", como dizia o Mário "Cangibrina", que o fez em setembro passado. Descia tanto que não era possível enxergar onde terminava. E tinha horas em que era impossível segurar o ritmo. Tinha que se deixa levar. Eu continuava com aquele pensamento de que não adiantava descer forte, porque depois tem a subida e não haverá pernas para repor o esforço. E foi novamente o mais acertado, pois todo mundo que me passou literalmente voando na descida, ficou para trás na subida. E eu não caminhei nadinha, embora fosse num tranquinho bem devagar, mas mais rápido que o povo que caminhava. Fechei em 37 minutos cravados os 5,67 km do trecho, na média de 6:31/km, o que já demonstra a "barbada" que era. O bom de tudo é que ele era curto. Quando terminava a subida, pegávamos o asfalto e 1km depois já era o posto de troca na Unimed (5:24, 4:59, 6:24, 9:19 e 7:06 os km nesse trecho). Apesar da dificuldade, cheguei tranquilo e inteiro nesse ponto.




(o povo na espera, enquanto eu fazia o trecho do Parque da Ferradura)

E a Bruna partiu para o quinto trecho, rumo ao Parque do Caracol, já com o sol de quase 1h da tarde, embora não estivesse quente que prejudicasse o desempenho. Era o trecho mais longo dela, de pouco mais de 11km, mas tinha muita descida, pelo menos os últimos 6. Ela chegou reclamando de alguma dor no pé (passamos por ela de carro) e chegou a cogitar que eu dobrasse o trecho depois, o que foi prontamente rejeitado... hehe. Já estávamos em segundo, pois o cara da outra dupla havia ultrapassado-a (como era previsto). Tinha conversado com a Lu enquanto aguardávamos no posto de troca, mas, no final de contas, não a vi partir e, até aquele momento da prova, nem sabia quem era o parceiro dela, que só fui descobrir na volta do Vale da Ferradura.

A Bruna chegou com uma cara preocupante de cansaço e sofrimento, já que ainda havia o último trecho, que era o mais difícil dela, e que só subia. Um mês atrás, mais ou menos, até fui para Gramado e treinei exatamente nesse trecho, indo e voltando do Caracol. E quebrei na subida...


Senti o cansaço nesse trecho da Ferradura e não corri muito bem, tanto que tive dificuldade em pegar a Lu embora tivesse enxergado-a no retorno do Parque, e a distância não fosse tão grande que não pudesse ser tirada nos 5,7 km da volta. O trecho até não parecia tão difícil quando estava indo, mas devia ser porque estava descendo mais que subindo. Então, no retorno tinha uma subida boa e fui avistando a Lu, mas só consegui alcançá-la exatamente no km 10. Pensando melhor agora e olhando os tempos (fiz km prá 4:46 e 4:37), talvez ela tivesse corrido bem, sabendo que estava em primeiro e precisando manter para entregar para o parceiro. Talvez por isso, cheguei nela, mas ela veio do lado uns 200m, até que pensei: "It's now or never" - como cantava o Elvis - e forcei para abrir um pouco de distância. Fechei os 11,36km em 1:02:02, na média de 5:28/km. Ela chegou só uns 45, 50s depois, e o parceiro dela saiu enlouquecido atrás da Bruna...

Descansei um pouco, hidratei, adrenalina a mil, sabendo que a coisa ia ser no detalhe. Depois, pegamos o carro e saímos atrás. O cara já tinha passado, e agora só restava cuidar a diferença que eu teria que buscar. Fomos monitorando, parando para assessorar: 1:45, 2:15. Putz... ainda iria aumentar, mas eis que vamos mais à frente e... e?? O cara estava caminhando! Sentiu a subida. Enlouquecemos, euforia total! A Liane queria dar a volta e avisar a Bruna, mas não tinha como ali. Era muito arriscado parar e atravessar a pista. Fomos mais à frente e aguardamos. Aí chega a Conceição de carro e avisa que a Bruna também estava caminhando... banho de água fria. De qualquer forma, a diferença tinha baixado para 1:45 quando ele passou. E então veio o Duda. Pegamos ele e o largamos para correr com ela, para evitar que o ritmo caísse e a diferença aumentasse. E, dentre tantos detalhes na prova, talvez esse tenha sido o mais fundamental, porque ele chegaram 2:20 mais ou menos à nossa frente no último posto, defronte à Sinoscar
(foto abaixo).


Eram 15h30 quando larguei confiante e queimando pneu atrás da Lu. Primeiro km a 4:34 (o GPS chegou a marcar 3:33 num certo momento). Começava a descida perto do Café Colonial Bela Vista, e a Lu lá no alto da subida. "Mas já estou no retrovisor", pensei. Quem está atrás, sempre tem vantagem, nesses casos, porque o indivíduo não sabe a diferença e, se virar para olhar, faz o outro crescer. Logicamente, se houver pernas para tanto.

Aí o Alex e a Bruna passam de carro, já monitorando a diferença, e vendo que ela estava caindo. Fiz o segundo km, com subida e tudo, a 4:59. O seguinte, que nem lembro mais como era, a 5:10, mas também devia ter subida. E a diferença caindo, caindo. Ela cada vez mais próxima. A Bruna, a essa altura, já tinha metido a cabeça para fora do carro para dizer que estava só a uns 300m dela. Feliz da vida de que eu certamente iria alcançá-la. Mas deu trabalho. Tive que tirar praticamente 30s por km. Km 4 a 4:59. Quase no 5, praticamente encostei nela, mas não passei. Fiquei uns 20s no mesmo ritmo, preparando o fôlego, porque quando passasse, precisava não dar chance de troco. E pouco antes de dobrar na Borges, passei-a. Um pouco depois, já sentia o cansaço, fiz o km a 4:58, mas vamos combinar também que já eram 32km correndo e quase nada plano, estava na hora de cansar mesmo. Pior é que achei que esse último trecho era maior, quase faltaram quilômetros para passar. Se deixo para o final, que era a ideia inicial, talvez não desse mais tempo. Também imaginei que a Borges fosse mais longa, mas quando vi que já estava chegando nos Bombeiros, percebi que não tinha mais como perder. Sofri um pouquinho para subir a rótula da entrada da Expogramado (5:53 o km) e lá no topo olhei para trás para ver como estavam as coisas, só para ter certeza que o sonho era realidade.

Já dava para escutar o Daniel gritando no microfone para aqueles que estavam chegando. Passei bem no finalzinho um rapaz, pouco antes de dobrar e pegar a reta final, que acabou servindo de incentivo para chegar forte (sprint a 3:59/km) e super contente, ouvindo o anúncio a chegada da primeira dupla mista! Minha primeira subida no ponto mais alto do pódio. Acho que ele também ficou contente e orgulhoso da gente. Logo em seguida a Bruna apareceu para comemorarmos. O meu sorriso tá na orelha até hoje. E tenho certeza que o dela também.








Depois disso tudo, ainda teve a Gramadinho, que era para a criançada. Acho que todo mundo gostou, porque foi muito legal ver, principalmente os bem pequenos, até 6 anos, se perfilando para correr. Tinha até uns com camiseta da equipe deles. Muito legal mesmo.

Tem 4 pessoas que ajudaram bastante e que foram sensacionais, a quem só tenho que agradecer. A Bina, que está sempre junta nas indiadas, dando força de alguma forma, incentivo, e que correu o primeiro trecho com a Bruna (para tentar disciplinar a moça, senão ela sairia como se fossem 100m rasos). A Liane, que decidiu na terça que iria para Gramado e se colocou à disposição para fazer suporte. Essa guria é a pessoa mais parceira que eu conheço. Topa qualquer aventura. Se virou como deu e até cuidou dos meus filhos enquanto eu corria. Não é à toa que sou padrinho dela no mundo das corridas. O Duda, que foi fundamental no último trecho da Bruna. Sem ele talvez a peteca caísse e não tivesse mais como buscar a diferença no final. Todos eles demonstraram aquele espírito de equipe, de solidariedade, de união, de amizade que nós temos na EDR, e que é fundamental para sermos, sem exageros, uma extensão de nossas famílias, uma segunda família.

E, por último, logicamente, queria agradecer muito à Bruna, por ter topado o desafio de fazer uma dupla mista para tentar, primeiramente, subir no pódio. Disse para ela: "Bruna, preciso de uma mulher para correr Gramado em dupla. E é tu." Daquele jeito dela, depois de cair na gargalhada, me respondeu: "Baldi, tu quer que eu morra", para logo em seguida começar a olhar quem tinha corrido e ver se a gente tinha chance... Tá certo que ela me deu uma enroladinha, deixou as pedreiras todas para mim, mas correu super bem nos trechos dela, melhor até do que eu imaginei que ela pudesse correr, e só foi cansar no trecho 7, que foi dureza para todos, inclusive para mim quando treinei ali.

Apesar do meu pensamento inicial de que talvez ela tivesse que correr as pedreiras, já que, pela lógica, eu poderia descontar as diferenças nos trechos que dava para correr mais, a distribuição dos percursos se mostrou a mais acertada, porque conseguimos correr bem nossos trechos, dentro de nossos limites. E o importante, em todas as provas, é ter regularidade. Além disso, no final, praticamente tudo deu certo, desde o planejamento de correr um trecho cada um para poder descansar e render mais no seguinte, a infra-estrutura, gelo, óleo de massagem, comida, isotônico, os adversários que não foram. Tudo conspirou favoravelmente. Até o joelho, que passou a semana inteira incomodando, quando eu simplesmente caminhava, me fazendo imaginar que talvez nem conseguisse terminar a prova. Pois até ele colaborou. Não senti nada, nenhum desconforto. Então era para ser mesmo.

No final, o post ficou grande. Do tamanho da alegria.

Agora que venha a Maratona de Porto Alegre.



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