quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Maratona de Curitiba


Nem bem termina uma maratona, a gente já pensa na próxima. Ainda mais como forma de se redimir da pedreira que foi Foz.


Dia 22 de novembro, dois antes do meu 40º aniversário, teremos a Maratona de Curitiba, que não é nada fácil, por dois motivos, os maiores inimigos dos corredores: tempo quente, que considero o pior aspecto, e trajeto difícil. Parece até que andou mudando, para tentar melhorar alguma coisa, mas, em Curitiba, trocar o percurso é apenas trocar o nome das subidas e descidas. O relevo da cidade não ajuda muito, mas, pelo menos, em relação à época que terminava na Pedreira Paulo Leminski, já se evoluiu bastante.

Corri 4 vezes por lá: 1999 (4:18:08), 2001 (3:36:10), 2002 (4:25:31) e, pela última vez, em 2004 (3:40:33). Excetuando-se 2001, que foi uma das melhores maratonas que já fiz na vida, nos outros anos sempre foi complicado. Bem, uma vez estava bem acima do meu peso (1999) e andava meio já de saco cheio de correr. Era o ciclo negativo da corrida: a gente está pesado, corre mal, se desmotiva, não melhora e não perde peso. Ali, depois de Curitiba, coloquei na cabeça: ou termino a próxima maratona sem sofrer como sofri por lá ou não corro mais. Funcionou. Em maio do ano seguinte, fiz 3h35 em Porto Alegre. Em 2002, não dá nem para levar em consideração: a prova saiu às 9h20, por causa de um televisionamento que não houve, e já com quase 30 graus. No km 30, não havia mais água gelada. A coisa foi tão feia, que até hoje eu e o Álvaro não sabemos onde passei dele. Ele não viu, nem eu, de tão mal que estávamos. E chegamos com 30s de diferença.

Graças a uma promoção da Ocean Air, e à estada gratuita por lá, será minha 37ª maratona (ou ultra), o que vai me possibilitar fechar minha 40ª, com 40 anos, aqui em casa, Porto Alegre, em maio de 2010.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Tudo que sobe, desce?


Depois de tomar 2 comprimidos de paracetamol durante o dia de sábado e acordar às 3h45 no domingo, às 5h10 aguardava o ônibus da organização que passaria no Hotel Tarobá, onde eu e grande parte da elite (Adriano Bastos, Claudir Rodrigues, Marcos Pereira - o vencedor, José Everaldo - segundo colocado, a queniana que venceu - Jacqueline Chebor, Marluce, Ilaine, Rosa) estávamos hospedados.


(Com o Vanderlei Cordeiro, no sábado, na retirada do kit)




(Eu e o Irio com o hexacampeão da Maratona da Disney, Adriano Bastos)

Era "noite" ainda, mas estava quente, como de resto seria o dia. Rumamos para o Sesc, onde pegamos outro ônibus (não me perguntem o porquê) em direção a Itaipu, onde foi a largada. Lá, em compensação, tinha uma ventania absurda. Mas foi só antes de largar, porque depois...



(Irio, eu, Maria Helena, Domiciana e Zé Luiz)

Às 7h foi dada a largada e, caramba, saiu todo mundo alucinado como se fosse prova de 10km, talvez porque fosse descida no primeiro km. Fiquei na minha, fazendo pouquinha coisa menos de 5:30/km, que era a ideia inicial: terminar mais ou menos em 3h50. Doce ilusão. Conversando no hotel com a Ilaine, querendo saber mais sobre a prova, ela diz que ali era beeem mais difícil que em Curitiba, maratona considerada com bom grau de dificuldade.

Pois bem, os primeiros quilômetros eram dentro de Itaipu, com subidas e descidas, enquanto o sol já começava a aparecer com força. De lá, íamos para o centro da cidade, e tudo parecia relativamente tranquilo. Quero dizer, se não estava fácil, pelo menos não era super difícil, porque, se havia uma subida, a descida vinha em seguida, momento em que dava para descansar. Afinal de contas, tudo que sobe, desce.

Pouco depois do km 16, por exemplo, olhamos para frente e saiu o primeiro "nossa mãe" do percurso: uma mega subida, que visualmente assustou mais que na prática, e que, bem no seu cume, era o km 17. Mais ou menos 1km depois, entramos em uma subida mais forte ainda, que fiz em 6:25 e que fechava no km 19. Acho que foi por aí que meu companheiro de MM João Gabbardo me passou.

Bem, como disse, tudo que sobe, desce, e então começamos uma boa descida, já na Av. das Cataratas, com novas pequenas subidas até chegar no km 21, que também era na descida. Ali, passei em 1h56, dentro do previsto. E ali, também, avistei o Claudir Rodrigues, vencedor da Maratona de São Paulo, Curitiba e 3 vezes de Porto Alegre. Havia desistido. Depois, conversando com ele no hotel, disse que não aguentou o calor. Para quem estava treinando no frio e na chuva em Santa Maria, fica difícil para o organismo assimilar a diferença. (Durante o decorrer da semana, vou postar o resto da conversa com ele, sobre a dura realidade da vida de um corredor.)

Logo depois de um posto de água, acho que km 25, quando levantei a cabeça e avistei o que se avizinhava, saiu o segundo "nossa mãe". Outra subida fortíssima, mais longa que no 17. Pensei: "Vamos enfrentar a fera, fazer o que..." Quando cheguei nela, km 27, dou de cara (é modo de dizer, já que ele está de costas...) com o Irio, caminhando. Disse que estava sentindo muita dor na panturrilha. Mas isso não o impediu de me acompanhar, porque ele é "competitivo..." Aí ele ficava correndo uns metrinhos na minha frente ou puxava em alguma lomba/subida/ladeira/morro (cada região chama de um jeito). Aí eu chegava nele novamente e a história se repetia. Foram 7km nessa brincadeira. Isso rendeu uma boa discussão no final da prova...

Bem, acho que no 28 era o pórtico de entrada do Parque Nacional do Iguaçu, onde ficam as Cataratas. A partir dele, foi sofrimento sem fim. Verdade que, durante um bom tempo, até deu para correr numa boa, mas aí comecei a esperar a descidinha que nunca vinha e o corpo começou a sentir os efeitos da falta de descanso. Mesmo porque o ritmo começou a cair, até nem tanto pelo cansaço, mas mais pelo fato de estar subindo ininterruptamente. Também não vou ser completamente injusto: lá pelo km 36 devia ter uns 250m de descida, mas a essa altura do campeonato...

A essa altura do campeonato, chegar em 4h já era impossível, porque bastava fazer uma continha básica de cabeça (km x minutos) que eu via que não haveria como. No 38, dei uma pausa nesse sofrimento e resolvi caminhar. Ainda mais depois que alguém me disse que não haveria descida mesmo. Acho que nem tanto por causa das pernas, mas estava com muita dor nas costas de correr curvado pela subida. Pelo menos caminhar, mesmo cansado, eu caminho ligeirinho. Estava fazendo em 8:30/km. E fazia tempo que isso não acontecia numa maratona. Aliás, para ser mais preciso, desde novembro de 2002, na Maratona de Curitiba, não caminhava, nem completava uma maratona acima de 4h. E lá se foram 17 maratonas nesse período. E eu treinei subidas aqui em Porto Alegre. Terças e quintas sempre era isso. Só que eram treinos de 12 ou 18km. E lá em Foz foram 42km de subidas... He he.

Pouco depois que comecei a caminhar, o Irio chegou em mim novamente e fomos um pequeno pedaço juntos, só que ele quis correr novamente e eu não topei... 5 minutos a mais ou a menos não iriam me fazer diferença. Tinha uma meta que não foi cumprida mesmo. Sem falar que estava muito irritado por conta daqueles 7km em que " corremos" juntos. Aí disse: "Vai, que eu não vou." Lá pelo 40, encontro a Domiciana Gomes, treinadora do casal de amigos do Rio, da Marluce (3ª colocada) e ex-atleta de elite, que me deu um isotônico (quente, àquela hora, mas ela me avisou). Perguntou pela Maria Helena, que me alcançou no km 41,5, e ambas acabaram me incentivando a voltar a correr, e terminamos juntos, eu e a Lelê, em 4:16:23. O Irio acabou fechando em 4h10. O Zé Luiz, marido da Lelê, em 3h45. E treinando só em esteira...

A área de dispersão, infelizmente, tinha umas 20 abelhas por m², o que gerou um certo incômodo nos corredores, que precisavam se desvencilhar delas o tempo todo. Aguentei o que as abelhas deixaram, tiramos umas fotos nas Cataratas e voltamos para o hotel, onde o comentário mais recorrente era: "Ano que vem eu não volto..."

Uma pena o calor e o percurso, porque a estrutura que o Sesc do Paraná montou para a prova foi simplesmente fantástico. No começo, havia água no 4, 6, 8, 10 e lá no final acho que também era de 2 em 2. As pessoas envolvidas estavam comprometidas com o evento, trabalhando com prazer e tentando solucionar todas as questões que apareciam, com muito boa vontade e presteza. Fiquei realmente impressionado com isso e fiz questão de externar meu sentimento junto à organização, porque, nós corredores, temos mania de reclamar de tudo, sem nunca dar um elogio, e ali eles realmente mereceram muitos elogios. Claro que alguns equívocos foram cometidos, como a fila para a retirada do kit, por conta de uma única banca centralizadora ao invés de várias divididas do número "0 a 100, 101 a 200...", mas mesmo assim, eles entenderam muito bem isso e outras pequenas questões e sempre ressaltaram que querem fazer uma prova cada vez melhor e que estavam à nossa disposição para críticas e sugestões.



Uma alternativa para melhorar a prova seria inverter o percurso, o que já foi sugerido pelo Cléberson, que estava conosco no voo da Trip e foi o responsável pelo anti-doping, mas terminar em Itaipu certamente não tem o mesmo glamour das Cataratas e, talvez, o acesso à largada fosse mais complicado. De qualquer forma, comprei tantos perfumes (paguei R$ 23,00 em um, ao invés de R$ 120,00 que pedem aqui em Porto Alegre, por exemplo), que até mais ou menos 2014 não preciso voltar a Foz...

Uma vez, o Álvaro, meu amigão há 20 anos, me disse uma coisa que sempre lembro quando corro: correr tem que ser prazeroso. Não pode ser obrigação. Tem que trazer felicidade, alegria. Lamentavelmente, apesar de todo o esforço do staff da prova, Foz não tem como dar esse prazer. Foz e sofrimento são quase sinônimos. E aí não dá para voltar numa prova dessas. Não tão cedo, pelo menos. Não enquanto a memória lembrar dos 42km debaixo de céu de brigadeiro e com subidas que se repetiam e nunca terminavam.

Os resultados completos estão aqui.

** 169º lugar dentre os 294 homens. 200º lugar dentre os 356 bravos guerreiros que terminaram.
Vamos ver como foi a brincadeira, km por km:

km 01 -> 5:06 km 11 -> 5:13 km 21 -> 5:31 km 31 -> 6:12 km 41 -> 8:57
km 02 -> 5:46 km 12 -> 5:40 km 22 -> 5:08 km 32 -> 6:18 km 42 -> 7:00
km 03 -> 5:34 km 13 -> 5:37 km 23 -> 5:30 km 33 -> 7:05
km 04 -> 5:18 km 14 -> 5:26 km 24 -> 5:28 km 34 -> 6:45
km 05 -> 5:40 km 15 -> 5:30 km 25 -> 5:44 km 35 -> 6:19
km 06 -> 5:21 km 16 -> 5:29 km 26 -> 6:32 km 36 -> 6:48
km 07 -> 5:10 km 17 -> 5:40 km 27 -> 6:02 km 37 -> 6:26
km 08 -> 5:25 km 18 -> 5:35 km 28 -> 6:28 km 38 -> 6:14
km 09 -> 5:17 km 19 -> 6:25 km 29 -> 6:08 km 39 -> 8:39
km 10 -> 5:23 km 20 -> 5:43 km 30 -> 6:28 km 40 -> 8:32





sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Fim-de-semana em Foz do Iguaçu


Enquanto o pessoal da equipe subiu a serra para correr a Gramado Adventure Running, prova organizada pelo nosso treinador, Daniel Rech, eu e o Irio chegamos aqui em Foz do Iguaçu para participar da maratona no domingo.


O voo foi tranquilo, com essa aeronave da foto, da Trip Linhas Aéreas, que saiu bem no horário e, apesar de ser menor (72 lugares), não deu maiores percalços além do ruído interno ligeiramente maior, característica das aeronaves do porte, ainda mais com essa turboélice. O serviço de bordo da companhia foi super bom.

O pessoal do Sesc, que organiza a prova, esperava por nós e outros corredores, o que foi uma surpresa positiva e agradável. Desde o ano passado, em que me inscrevi e não pude correr por conta da lesão no fêmur, já foi possível perceber a presteza do pessoal da organização, principalmente da Cátia. Hoje, pudemos conferir pessoalmente isso. Nos levaram ao hotel e amanhã teremos transporte gratuito para todos os eventos ligados à maratona. Muito louvável. Ponto para eles.

Demos uma pequena olhadela no percurso (não sei porquê), que não é nada fácil. Muitas subidas e descidas, embora eu ache que a parte pior deva ser na estrada mesmo, lá pelo km 30, pela falta de companhia e falta de costume que temos em correr em estradas, sem prédios a quebrar a monotonia.

Domingo, veremos o que acontece. Só temos que torcer para não aparecer um sol terrível. Hoje, o tempo estava fresquinho no início da manhã, mas esquentou no decorrer do dia. A prova sai às 7h, depois de algumas reclamações e sugestões dos corredores. Com percurso difícil e sol forte, aí complicaria bastante.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Histórias estranhas do Rio


Não vimos a violência de que tanto se fala do Rio. Se não fosse pelos noticiários, não se perceberia rigorosamente nada. Arrisco dizer que andamos mais tranquilos do que em Porto Alegre.


O trânsito do Rio, esse sim, assusta. Não se vê em Porto Alegre tantos táxis como lá. E transporte clandestino a torto e a direito. Vans e mais vans irregulares. Enquanto esperávamos na parada de ônibus, sábado pela manhã, para ir ao Cristo Redentor, um rapaz dentro de uma delas que passava grita "Cristo!". Entramos todos nós (uns 10) e o rapaz pergunta: "Vocês sabem como se vai?" Ahn? Ele e o motorista não sabiam... É, pasmem. Não sabiam chegar no Cristo, um dos pontos mais visitados no Rio. Estamos rindo até hoje por conta disso.

Os motoristas de ônibus (e táxis) pensam que estão na Fórmula 1. É impressionante como correm. O dia linha 583 (Cosme Velho) dirigia "com emoção". Chegávamos a pular dentro do ônibus de tão rápido que o cara estava. Outra característica (ruim) dos ônibus é que param em qualquer lugar, literalmente. Se tem que parar na segunda pista para o povo subir ou descer, assim o fazem. Não estão nem aí. E se atravessam de qualquer jeito, trocando de faixa sem a menor cerimônia e sem sequer verificar se podem realmente fazê-lo. Azar de quem estiver ao lado, seja do tamanho que for...

Comemos muito no Bibi Lanches, em Copacabana. Lá, verificamos o que eu já tinha percebido outras vezes: em Porto Alegre, normalmente, quando tem muita gente junta na mesa, se faz uma comanda para cada um (ou pergunta-se sobre o fato). Ali e em outros tantos locais, somam tudo, 120 pratos distintos com valores distintos e seja o que Deus quiser depois para cada um descobrir quanto vai pagar. Uma confusão só.

Em outro local na Av. Nossa Senhora de Copacabana, meu filho mais filho foi comer, pesou e deu R$ 19,00 e alguma coisa. Chegou na mesa e os guris disseram que R$ 18,00 era livre, só que a atendente não informou nada sobre o assunto a ele. O pirralho voltou lá, mas a moça disse "tu já estás comendo" (??!!). Aí o guri teve que chamar a gerente... Não sei o que foi mais engraçado: um pré-adolescente de 13 anos chamar a gerente ou a moça não aceitar o óbvio de que não se cobra mais do que o valor espitulado pelo buffet livre. Simples assim.

No avião, quase pousando em Porto Alegre, tivemos pequenos sustos com a chuvarada que caía naquela noite de segunda. Mas nada comparado à minha colega de equipe que voltou no dia seguinte e não teve como pousar aqui pelo mesmo motivo, tendo que retornar ao Rio de Janeiro... De qualquer forma, nada que nos abale a alegria em retornar ano que vem, se os preços forem convidativos, evidentemente.


terça-feira, 8 de setembro de 2009

Como foi a Meia no Rio

E anteontem aconteceu a Meia Maratona do Rio de Janeiro. Evento grandioso em todos os aspectos. Globo transmitindo. Muita gente correndo. Nunca me deparei com uma situação dessas: de correr com tanto povo junto.

Foi diferente. E difícil. Bastante difícil.

Não teve sol, mas não faltou calor. Estava extremamente abafado. 72% de umidade. E, com tanta gente correndo, não se percebe o ar. Ele não circula.

Saímos bem atrás, o que acabou sendo uma estratégia errada. Tivemos que ultrapassar muita gente que andava devagar, mas bem devagar, ou mesmo caminhava, ignorando a lógica de que a esquerda é para quem quer correr mais rápido. Bem, mas como disse, tivemos nossa parcela de culpa. O certo seria largar mais à frente. Ou haver pelotões de tempo na largada. Como é uma prova festiva, dificilmente ocorrerá.

Foi um início bem legal. Levamos cerca de 18 minutos para ultrapassar o tapete inicial e começarmos a correr. Íamos tentando abrir caminho, cortando daqui, dali, passando por cima de calçada, parecendo ensandecidos perto daqueles outros que estavam em ritmo bem mais lento naquela pequena subida dos 4 primeiros quilômetros. Era bonito de ver, porque formávamos uma pequena fila de camisetinhas da equipe Daniel Rech/Unimed Porto Alegre, um seguindo o outro: Emilio, Daniel, Claiton, Roslank, Danuse, Duda e eu. Mais ou menos nessa ordem, vez que outra se revezando por conta do tráfego.

O Duda me disse depois que muitos comentavam quando passávamos: "Deixa, esses não vão chegar..." Eu dizia para ele: "Cara, estamos fortes. Subimos na média 4:45/km e está abafado. Vamos segurar um pouco." Mas quem disse que segurávamos? Nos dispersamos um pouco depois, vínhamos só eu e o Duda, com a Danuse um logo atrás. O Roslank e o Claiton tinham ficado, mas eu nem vi, porque era tanta gente que me concentrava mais no meu trajeto para não bater em ninguém à minha frente.

Nisso, em alguma curva, achei ter visto o boné do Daniel. Não deu muito tempo e eu e o Duda confirmamos que era ele mesmo, já quebrado; pela passada dava para perceber. Dei uma apertada, deixei o Duda para trás e alcancei-o. Mas ele e a Danuse vinham nas nossas pegadas. Foi quando comecei a me desgarrar deles de vez. Isso era um pouco depois do km 8. No 10 (passei em 48:30 -4:51/km), logo após um posto de água, e onde havia muita gente, dei de cara com um bêbado caminhando no meio dos corredores, na contramão. O cérebro não comandou nenhum movimento, e acabei dando uma trombada nele, que se estatelou no chão. Só deu para ouvir uns gritos de espanto dos espectadores, e segui em frente. Não foi culpa minha...

Pouquinho depois de a Conceição gritar meu nome (ela foi mais esperta e saiu bem na frente), havia um túnel. Ali me senti extremamente cansado, parecia que iria quebrar, diminui o ritmo instintivamente para encará-lo, onde devia estar uns 10 graus mais abafado que o bafo que já estava fora dele. Saí meio indignado comigo mesmo pela quebra de ritmo e acabei descontando meu mau humor num outro corredor. Claro que ele deu motivo, ao sair da direita para esquerda e me dar uma trombada só para aparecer numa câmera (ou máquina fotográfica?) da organização que ficava no meio da pista. Isso era bem no km 12.

Só que, passado esse estresse, aquela saída no túnel me deu um novo gás. Havia uma boa brisa e isso parece que me revigorou. Consegui voltar a imprimir meu ritmo anterior, entre 4:45 e 4:50/km e segui assim. Lá pelo 15, finalmente houve os únicos 500m de toda a prova em que foi possível correr sem se preocupar em desviar de ninguém e sem quebrar o ritmo por conta disso, em que deu para encontrar a postura e passadas mais adequadas e corretas.


Pouco mais à frente, avistávamos, à nossa esquerda, na outra pista, a chegada, enquanto recém passávamos pelo km 16. Faltavam 5km. Contagem regressiva. Menos de meia hora. Mas estava cansado. Pegava uns 3 copos em cada posto, bebia um e atirava os outros dois no corpo para tentar baixar a temperatura. Acho que quase no 19 viramos para pegar a pista contrária em direção ao final da prova. Tentei mais ou menos puxar alguma coisa, mas já satisfeito por conseguir manter o ritmo, diante das adversidades. Acabei cruzando a chegada em 1:44:46, o que daria quase 5:00/km, se não fosse o fato de praticamente todos os GPSs do pessoal marcarem 21,7 ou 21,8 ao invés dos 21,097 que deveriam ser. O meu não pode ser levado em consideração porque marcou "só" 21,33km e 1:42:33, porque naquele túnel perdeu o sinal e parou. "Fiz" 3:07 nesse quilômetro segundo ele...

Não creio que tenha havido erro de marcação e sim o fato de que o trajeto é feito tangenciando as curvas, pelo menor caminho possível, enquanto nós tivemos que correr a maior parte do tempo pela esquerda, por fora, evitando o congestionamento das pessoas, o que acabou aumentando nossa distância. Pelo menos penso que foi isso que aconteceu, porque errar em 700m numa prova seria muito discrepante.

Fiquei muito feliz, não só por ser o segundo da equipe a chegar (o Emilio foi o primeiro com 1h40), mas por conseguir mais ou menos manter aquilo a que me propus (deu 4:48/km, ajustando o tempo que faltou e os metros a mais). E só tenho a melhorar daqui para frente. Além disso, o fim-de-semana com todo o pessoal da equipe provou mais uma vez que somos uma espécie de grande família, que sempre se acerta e desfruta de grandes momentos juntos. Como costumamos brincar: correr é só a desculpa para se divertir.

Resultados:

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