Não deu
Bem, não foi possível completar os 82 km da TTT no sábado. Tentei, mas parei no km 34, 3º posto de troca (eram 8).
A largada foi às 6h da manhã, ainda escuro, e houve alguns trechos em que era meio complicado de enxergar onde pisávamos. Saí dentro do previsto, fazendo 6:00/km até o km 26, como se pode ver no anexo abaixo (Garmin). O Duda me ajudou bastante, correu comigo até o km 22, que era onde havia o 2º posto de troca (em Rondinha).
A partir do 1º posto de troca, o Júlio argentino nos auxiliou de bike e isso, em parte, me quebrou... Explico: o programado era a Betinha, uma loirinha de olhos verdes aparecer, mas, ao invés disso, aparece um argentino... Não tem psicológico que aguente!
Brincadeiras à parte, o "Rúlio" ajudou bastante, tentou diversas vezes me animar, dar força, prometeu mundos e fundos (que as meninas iriam cumprir...), mas não teve como. As pernas não respondiam. Senti-as muito pesadas na parte detrás das coxas, aí o cansaço fazia perder a postura e então as costas doíam, o pé dentro do tênis começou a ficar diferente do normal, bater errado e, lá pelas tantas, comecei a sentir uma dor de cabeça preocupante. E nem estava calor ainda. Embora abafado, não devia estar mais que 27 graus. Depois, sim, que a coisa ficou punk.
Como o ritmo caiu de 6 para 7:30/km (km 31), ficou impossível de administrar esse sofrimento, faltando ainda quase 50 km para o fim da prova. Seria chegar destruído, caminhando metade da prova somente por causa de uma medalha. Sofrimento maior que prazer. Não estou na corrida por isso. No km 34, portanto, 3º posto, abandonei. Lógico que fiquei frustrado, bastante chateado na hora, mas a gente tem que saber a hora de parar. Faz parte da maturidade esportiva. Não é feio desistir, mas é preciso saber lidar com a frustação, como disse o Daniel.
Agora, por que deu errado?
O dia de hoje explica muito coisa. Evidente, que existe um somatório de coisas, nunca a gente fracassa por um único motivo. Mas o principal foi que hoje estou doente de novo. 3ª vez em 1 mês. Febre de 38º, dor no corpo, nas pernas tal qual senti quando tive que parar. Quando abandonei, como disse antes, estava com dor de cabeça. Tive que tomar um remédio depois que desisti da prova. Estou no paracetamol novamente. E, desde lá, perdi a conta do número de vezes que tive que ir ao banheiro até hoje.
Minha teoria, que me parece bastante plausível, é que não me recuperei bem de nenhuma das duas vezes em que fiquei doente, dia 11 e dia 21. Então, mesmo com ajuda de nutricionista, o corpo debilitado não teve reservas suficientes e fui perdendo as forças até que me arrastei a 7:30/km. Não me ocorreu isso na hora, mas pensando agora, todas as vezes que quebrei por cansaço físico jamais corri a 7:30, normalmente girou em torno de 6:30 por km.
Outro aspecto importante é que aquelas duas vezes doente estragaram todo o planejamento. Fiz 30 km numa semana e 27 km na outra, quando deveria fazer em torno de 80 em cada uma. Não há milagre desse jeito. E, claro, corria debilitado, sem me recuperar, mas não tinha muita saída: ou desistia sem tentar, ou ia à luta correndo, que achei mais adequado. Desse modo, como já tinha relatado em outro post, treinei menos do que deveria. Achei que podia chegar em Capão (km 55) ainda correndo a 6:00/km e depois terminar "na cabeça".
Outra questão é que o sono na semana da prova foi ruim nos últimos 3 dias. Embora eu estivesse atento a isso há tempos, chegou na hora abandonei a programação. Primeiro, jogo do Grêmio, quarta, depois janta e entrega dos kits, quinta, e, por último, chegada tarde na praia. Dormi 4h45 na véspera. Tudo isso contribui negativamente, claro, mas não mudaria o panorama da prova se fosse diferente, apenas me levaria uns quilômetros à frente.
Quinta, antevéspera da prova, comecei a ficar muito tenso, com dores nos ombros e nas pernas, provavelmente pelo nervosismo da prova. É, eu sei que disse que não ficava nervoso para as provas (a única vez que me lembro foi num revezamento em que corria míseros 5 km), mas creio que rolou uma tensão forte, ainda mais com a correria de deixar tudo sem pendências no serviço para poder viajar depois do meio-dia de sexta.
No final das contas, me chamou atenção o tempo das únicas duas mulheres que terminaram: a Lu Sant'ana e a Márcia Lima, que fizeram respectivamente em 8h28 e 8h51, o que mostra que era perfeitamente viável minha meta de 8h30, pois elas normalmente chegam perto ou pouco atrás de mim nas provas.
Queria agradecer muito a todos da EDR (e agregados) que ajudaram de qualquer forma, seja pedalando, na torcida, tentando participar, dizendo alguma palavra de apoio antes, durante ou depois da prova. Sem vocês, jamais poderia ter sonhado em terminar. É esse espírito de solidariedade que faz uma equipe.
Enquanto tudo dava certo e parecia que realmente daria até o final, era das coisas legais que disseram e fizeram que lembrava, e encontrava nelas a força para seguir em frente, mas depois ela foi sumindo, sumindo, sumindo...
Não deu, não deu, faz parte. A gente aprende para errar menos na próxima.
11 Comentários:
Saudações Julio, tudo bem?
Estive participando da TTT pela primeira vez. Corri em um octeto, fiz o primeiro trecho do percurso, mas depois fui acompanhando a galera até o fim. E a prova não é facil não hein. Ainda mais para quem corre o percurso solo. Tú estás de parabéns por ter tido a coragem de encarar esse ultra desafio. Concerteza na próxima edição vc vai arrasar. Sucesso ai nos treinos.
Abraço
André
Olá, André.
A TTT é uma prova muito legal. Essa história de ir acompanhando até o final envolve todos e é super gratificante. Os postos de troca facilitam.
Na verdade, as provas ficam mais "fáceis" à medida que estamos melhor treinados. O difícil não é fazer a prova em si, mas treinar prá ela... Aí entra aquela questão: qto vou me sacrificar prá fazê-la bem? Cada um vai tentar equacionar sua dedicação com o resto de sua vida e ver se é possível. E pesar qto de sofrimento vai ser dado prá trazer satisfação depois. Só que, diferente de uma prova de escola, pq ex, em que tu podes ficar satisfeito em tirar 8, um 8 numa corrida, ainda mais no calor do verão, será sempre acompanhado de um considerável sofrimento.
Até o trecho em que parei (3º), a prova estava boa de ser feita, depois o calor castigou todo mundo.
Parabéns por participar. Essa interação é que é o bacana na corrida.
Abraço e bons treinos.
Baldi,
Como você mesmo disse, houve uma série de fatores que fizeram com que você quebrasse na prova.
Mas vamos falar de outra coisa muito mais importante. O fato de você não ter terminado, não muda em nada o orgulho e admiração que nós da equipe temos por ti. Pelo contrário, te aproxima mais do restante do grupo e nos faz entender que todos temos limites e estamos sujeitos a quebrar um dia.
Precisa coragem para tomar a decisão de seguir e muito respeito pelo corpo para tomar a decisão parar!
Um abraço
Baldi:
Dá nada. Ano que vem tem mais.
Quem sabe na próxima eu também não te acompanhe na indiada de correr solo.
De tudo, fica a lição também para nós da EDR: Se o cascudo do Baldi quebra é pq é pedreira mesmo. Treino, treino, treino...
O ano está apenas começando e teremos muitos desafios. Vamos para o triunvirato de maratonas POA/RJ/BAires novamente?
Abraço,
Mário
Mário,
A lição que fica é: treina mais...hehe
E se programe prá eventuais contratempos que possam atrapalhar todo o planejamento.
POA e BsAs estão certas. RJ ainda não sei. Sub-3h?? hehe
Baldi,
Mais uma vez, desculpe-me pela minha falha! Reconheço a minha parcela de culpa no teu insucesso, afinal, era eu que deveria levar a loira de olhos verdes para pedalar ao teu lado... Não deu! Mas, se permitires, posso tentar de novo na próxima - eu quero pagar a dívida!
Mesmo assim, parabéns pela coragem e pela dignidade!
Grande abraço!
Juarez
Juarez,
É como eu digo:
Às vezes a gente dá uma tarefa simples, mas tão simples, tão simples que a pessoa não consegue cumprir...hehe
Deixa assim, não há dívida alguma, porque vai que na próxima tu me mandas algo pior que um argentino! haha
Só cai quem resolve ficar de pé.
Como disse a Lúcia é necessário coragem para admitir uma derrota, levantar a cabeça e fazer de novo.
Abração, Léo
É bem por aí, Léo. A gente precisa tentar para saber se dá. Se não tenta, nunca terá a resposta.
Abç
Com certeza, Lu. Até o ano que vem tem muita coisa...rs
Parabéns pela tua excelente prova! Bj
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