segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

3º Desafrio Uribici - 2006


Dia 24/6/2006, sábado, participei do 3º Desafrio Urubici 50km, na cidade homônima. Urubici fica na serra catarinense, a cerca de 60km de São Joaquim, sua vizinha mais famosa pela neve. Urubici, no entanto, possui o ponto mais de alto do sul do Brasil – o Morro da Igreja – com mais de 1.800m de altitude, tendo, inclusive, feito -17°C em 1990.

O acesso de Porto Alegre pode ser feito via BR 101–Criciúma–Serra do Rio do Rastro (muita linda esta parte) ou, como fizemos, via Canoas-Caxias do Sul-Vacaria-Lages. Digo fizemos, porque passei por Novo Hamburgo e peguei o William, que foi meu parceiro de viagem. Nos conhecemos naquele dia mesmo. Coisas de corredores fissurados por aventuras. Levamos 6h30 para perfazer os 450km na sexta-feira.

Chegando, fomos direto ao Urubici Park Hotel, onde estávamos com reserva para a hospedagem e onde se realizava a entrega do kit da prova. ‘Kit’ é uma benevolência com a organização. Na verdade, havia uma sacola com o número e uma camiseta de algodão, modestíssima pelos R$ 80,00 de inscrição que pagamos em uma prova com o aval da patrocinadora da Seleção Brasileira de Futebol. Na entrega do ‘kit’, é feita uma checagem do material obrigatório para a prova: água, manta de sobrevivência, atadura, apito, toca e luva (no dia da prova, novamente é checado o material). Após isso, podíamos desfrutar de um jantar de massas no hotel (tradicional no dia pré-maratona), pelo qual pagamos mais R$ 15,00.

A prova propriamente dita

A largada ocorria às 7h30. Cerca de 90 corredores estavam perfilados. De DesaFRIO não teve nada, porque largamos com uns 16 graus e cheguei com cerca de 24. Os 10 primeiros quilômetros são relativamente tranqüilos e planos, embora sejam feitos em chão batido, como se diz. Fiz em 56 minutos este trecho. Daí começam os ‘problemas’. No início do km 11 há um trecho absurdamente íngreme e embarrado. Tinha-se que subir segurando-se nos matos do próprio chão. Quase subíamos de joelhos. E escorregava-se muito. Levamos (eu e o grupo que andava próximo a mim) 17 minutos para perfazê-lo! E os próximos 2 eram igualmente dificílimos. Levei 35 minutos para correr os kms 11, 12 e 13! Após essa pedreira, uma linda cachoeira, na qual parei para tirar fotos. No km 16, um posto no qual tínhamos que assinar (no 25 e no 34 também). A partir daí, começa o asfalto e sobe-se muito, muito mesmo, caminhando na maior parte do tempo e correndo quando possível. Eu estimo que dos 50km, uns 20km são absolutamente impossíveis de serem corridos. Tem-se que caminhar.


Lá pelo km 20, tive que fazer um ‘pit stop’. Saí da estrada e entrei num matagal. Tive que voltar correndo, quase no meio da ‘atividade’, porque abelhas foram atraídas pelo sabor doce do carboidrato e do isotônico. Atirei a mochila no chão e tive que tirar a camiseta também, porque uma abelha tinha se ‘agarrado’ nas minhas costas. Levei umas 5 picadas e um outro rapaz que me ajudou umas 2 também.
Depois desta parte tragicômica, segui tranqüilo correndo e tirando fotos até o km 25, no morro da Igreja. É verdade que eu esperava uma Igreja no topo e só havia uma base militar. Levei 3:06:15 até lá. Ventava bastante. A volta é animadora. Desce-se bem depois do km 27 e dava para manter uma média de 5, 5:15/km até o km 34. Saímos do asfalto e começam as trilhas novamente. Normais até o km 39.

Então, há descidas estupidamente fortes e é impossível correr, e caminhar é igualmente difícil, também por causa do excesso de pedras. É necessário descer ‘travando’ o tempo todo e isso me causou uma dor insuportável no joelho direito por volta do km 40. Estava fazendo os kms em cerca de 6:55 cada nessa parte e comecei a fazê-los em cerca de 9:30. Eu caminhava mancando.
Logo após o posto de abastecimento no km 42, iniciava uma parte plana e fui tentando trotar e insistindo em correr e a operação quase iminente no joelho saiu dos meus pensamentos.

Fiz o km 44 em 6:30, a dor sumiu não sei como e fiz os 3 seguintes na média de 5:25 cada. Nisso, já havia passado uns 5 corredores e passei mais 1 assim que ingressamos na ‘civilização’. Faltando uns 2km passei outro corredor e faltando uns 200m, mais um. Terminei em 5:51:42, em 38° lugar, 5° dos 8 na categoria. A prova foi vencida pela 3ª. vez por Luís Antônio dos Santos, em 4:24:17, um pouco menos do que seu recorde na primeira edição.

Premiação

À noite, às 18h30, aconteceu a premiação. Havia sorteios de alguns brindes (meias, luvas, sacolas, garrafas) da patrocinadora, inclusive 3 pares de tênis. A meu ver, acho que seria interessante que os brindes (exceto os tênis) fossem distribuídos entre aqueles que não fossem premiados nas categorias (meu caso). Poder-se-ia contentar mais pessoas. A medalha de chegada deixou a desejar, levando-se em consideração o esforço que fizemos num percurso dificílimo. Era bonita, mas simples e fina. Os organizadores têm custos, sabemos, mas eles devem lembrar que os corredores também os têm. Ninguém vai se submeter a um esforço hercúleo em troca de uma mísera medalhinha. A inscrição é cara pelo que se tem à disposição. Gasta-se ainda em hotel e transporte e, com certeza, cada corredor deve ter despendido uma média de R$ 350,00 para realizar a prova. Essas coisas devem ser levadas em consideração. É uma prova que vale a pena fazer pela beleza do local e do trajeto. Para contar ponto com a namorada/esposa. Mas uma única vez. Acho que é muito danosa às articulações e seria uma risco repeti-la. Sem falar no custo-benefício para quem não tem premiação.
Sinceramente, daquelas provas que eu nunca vou dizer "queria voltar lá."

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