segunda-feira, 18 de junho de 2012

Maratona de São Paulo (ou quase isso)

Voei sábado pela manhã para São Paulo para correr a maratona, domingo. Voo tranquilo, cheguei em Guarulhos, peguei o ônibus que me levava até a Av. Paulista e, de lá, um táxi, que era pertinho, que nem chegou tão perto assim, pois estava engarrafado. Desci um pouco antes e fui a pé. 


A retirada do kit foi no Ibirapuera. A maratona começou ali. 1h e 15 mais ou menos para conseguir ser atendido. E até que foi rápido, em função das pessoas que havia na fila: umas 500. Mas foi cansativo para quem ainda estava com a mochila nas costas. Fui almoçar eram quase 15h com outros corredores do @twitterrunnersbr, com quem havia feito contato via Twitter. O kit era mais ou menos, com brindes do Café 3 Corações, da Probiótica, vale-desconto da Adidas e uma camiseta oficial da prova, cuja "arte" alguns consideraram sem criatividade ou estranha. Um edifício, um coração e uma árvore com pernas de corredor. Cada um que faça seu julgamento. Eu sou um (quase velho) resmungão. Ou seja: suspeito.


Saí de lá, fui para a casa da minha anfitriã, Sandra, que era no Ipiranga. Isso quase 6 das tarde. Ela fez um super jantar de massa (os paulistas dizem macarrão) com carne de panela. Uma maravilha. E ela e o namorado (ou qualquer coisa assim, rs) se dispuseram a levantar cedo e me deixar na largada. Muito melhor que a encomenda. 


Me deixaram no Ibirapuera. De lá havia ônibus para o local da largada, que era na tal Ponte Estaiada, na Av. Roberto Marinho, o cara. Cheguei por volta das 7h15, a largada era às 8h25. Bastante tempo para qualquer coisa que precisasse fazer.


A largada era em pelotões. Ou deveria ser. Na inscrição, a gente optava pelo pelotão condizente com nosso tempo de conclusão estimado. No meu caso, até 3h40. Ganhei uma pulseira vermelha. Era o primeiro pelotão depois da elite A, B e C (a elite econômica, que pagava R$ 500,00 para largar ali). Mas não adianta a Yescom criar pelotões se não coloca ninguém a controlar a entrada deles. Moral da história: muita gente de pelotões mais lentos saindo na frente. Infelizmente, as pessoas reclamam de uma série de coisas do país, mas não fazem a parte delas quando são chamadas a fazer. A pessoa vai prejudicar quem deveria sair mais rápido, mas não se importa com isso, apenas consigo mesma. Pena. Feio. Patético. Ridículo. Egoísta.


Junto com a maratona, havia uma prova de 10 (cujo percurso era junto com a maratona até o km 6) e uma prova de 25km, no mesmo trajeto da maratona. 25 mil pessoas no total. Meu pelotão vermelho, portanto, era de gente dos 10km, dos 25 e da maratona. Bastantes pessoas. E ainda aqueles que não respeitam nem regras de uma corrida.


Largada às 8h25, como disse, mas, prova da Globo começa quando a vênus platina quer. Eram 8h20, o locutor anuncia que estava esperando o ok da emissora de tevê, mas que a largada seria 8h32 ou 8h33, aproximadamente. Aí, então, mais ou menos por essa hora, o cara falava coisas em geral, quando interrompeu e disse: "Foi dada a largada." Assim, sem contagem regressiva, nem nada. Deram um ok via comunicação interna em algum lugar, o diretor da prova deu a largada e o locutor que se vire. Lindo.


Todos caminhando até o pórtico, dali tentei correr. Mas ultrapassar o pessoal das pulseiras amarelas e brancas enraizados em terras estranhas foi uma tarefa dura nos 2 primeiros quilômetros. Logo depois da largada havia uma subida e já havia gente caminhando. E, pior, o povo que anda se arrastando (literalmente) é tão sem noção que anda pelo lado esquerdo, onde, teoricamente, por alusão às vias de trânsito, as pessoas tentam correr mais rápido. Teve gente pulando uma mureta e correndo por fora do asfalto, no que é uma área de trânsito de pedestre, imagino.


Meu primeiro km foi 5:42, depois consegui fazer 5:07, mas driblando e me estressando com os retardatários. Larguei com muita dor no piriforme (ou adutor, não sei bem), mesmo tendo passado Biofenac na região. Até o km 4 incomodou muito, tanto que pensei em parar. Aos poucos foi diminuindo, em função de o corpo estar ficando aquecido. Ali pelo km 10 havia diminuído bastante, era apenas um desconforto dizendo que estava ali.


A temperatura era boa, vi 17 graus em algum lugar, embora a partir do 4 o sol tenho dado as caras. Mas o trajeto tinha uns pontos de sombras bons. Pouco depois do km 13, o que seria mais tarde o final da prova para mim: senti uma dor forte no músculo (ou seria tendão??) abaixo da panturrilha direita. Fiz esse km a 5:19 e o seguinte a 5:16. No km 14, a nota triste que quase todo mundo viu: um corredor atirado no chão, passando mal, sendo atendido. Não tivemos notícias depois se estava bem ou não.


Pouco antes de a dor aparecer, estava ainda tentando acertar o ritmo para ir confortavelmente até o km 35, pois sei que por lá aparecem uns túneis terríveis e o sol já não estaria benevolente. Queria ficar perto dos 5:05, mas fiz diversas a 5. Ah, são só 5s, Júlio, deixa de ser tão meticuloso. 5s numa maratona podem te cobrar 30s por km no final.


Embora o trajeto não assuste no começo, ele não é plano. Há inúmeras pequenas subidas. E descidas, consequentemente. Muita oscilação de ritmo, o que atrapalha bastante em qualquer prova, mas principalmente numa maratona. Com a dor, comecei a fazer algo perto de 5:10, 5:15/km. Já entrava pela cidade universitária, onde havia boa sombra pois era uma área mais arborizada, mas até ali o trajeto tinha diversos vaivéns, que não chegavam a atrapalhar psicologicamente naquela altura da prova. Pelo menos não me importei como em Porto Alegre, apenas os percebi.


Passei os 21km em 1:47:38, se não em engano. Ainda fiz uma contas de que poderia continuar suportando e administrando a dor e fazer os outros 21 em 1h50, terminando mais ou menos em 3h37. Segui, então,  fazendo perto de 5:15, oscilando hora aqui, hora ali em função da altimetria do trajeto, até que fui chegando no final da prova dos 25km, onde havia um pórtico, área de dispersão e aquelas coisas normais de chegada.


Só que administrar a dor nem sempre depende da gente. No km 25, aumentou bastante, talvez porque houvesse uma subida no final dele. Fiz 5:39 nesse km. Passei o pórtico de quem corria os 25 e ainda me arrependi de não parar ali, pois havia os ônibus da organização para levar até o Ibirapuera. Só que a dor aumentou mais ainda, corri praticamente 600m e resolvi parar de vez. O ritmo havia ido para 6 por km e a dor ficou insuportável. Parei e mal conseguia caminhar. Não tinha como correr 17km que ainda faltavam me arrastando, sofrendo, todo torto. Voltei e fui pegar o ônibus para o Ibirapuera.


Antes disso, tentei pegar uma medalha, já que havia feito os 25km. Não deram. Até Gatorade me negaram. Não podia. Porque o número dos 25 era verde; o meu, branco. Disseram que lá no Ibirapuera me dariam medalha da maratona. Argumentei que não corri maratona, etc, mas não adiantou. Nada, Júlio. Vai embora. Já vi: vou ficar sem medalha, lógico. Nem é injusto, mas também não é nenhum absurdo querer uma. Para receber a medalha, era preciso destacar um papel que ficava junto ao número. Ou seja, não conseguiria outra depois. Só uma vez. Mas o pior é que lá no Ibirapuera não conseguia acessar a área da chegada mais. Só chegando correndo. Nem medalha, nem Gatorade, nem água, nem frutas, nem kit de chegada. Nada. "Ao vencedor, as batatas! Ao vencido, ódio ou compaixão." Machado de Assis já dizia que não há prêmio para os perdedores.

E então a saga da minha 42ª maratona terminou de vez. Ficou para a próxima. Foi a primeira maratona que não completei por lesão. Ontem, já em Porto Alegre, fiquei pensando na dor numa região esquisita, onde normalmente nunca dá nos treinos. Fosse na panturrilha ou posterior, beleza.  E comecei a reprisar os acontecimentos. Domingo pela manhã, acordei com uma dor muscular no braço direito. Como meu pai já infartou 3x, qualquer dor no braço me assusta. Foi assim que ele infartou pela 1ª vez. Sentia dores nos braços, ia no banheiro, se molhava e passava. Até que um dia não passou e o levei no Instituto de Cardiologia.

Achei estranha aquela dor. Mas não me dei conta na hora. Só à noite em casa. Havia jogado boliche na sexta depois do serviço. Era disso a dor. E provavelmente a dor no músculo (ou tendão) seja fruto do mesmo esforço. Quando eu jogo a bola, jogo com força. Para isso é preciso pegar impulso e parar antes de invadir a área da pista. É muito provável que a dor seja de sustentar o corpo nessa parada brusca. Joguei 1h15 de boliche. Se o braço ficou dolorido do esforço, outras partes do corpo devem ter sofrido do mesmo mal. Aí o cara corre e o trajeto tem subidas que forçam mais ainda, pronto, está feito o estrago.


Sei, vão dizer que é porque era a 2ª maratona em 15 dias. Até pode ser, não descarto, mas, sinceramente, não acredito nisso. E sou teimoso. Dá vontade até de correr a Maratona do Rio para mostrar que não é. Depois da maratona de POA, excetuando a dor do piriforme/adutor/glúteo esquerdo, não tive dor nenhuma. Nem panturrilha, nem coxas, joelhos, nada das dores normais pós-maratona. Caminhava tranquilamente na segunda. Mesmo assim, descansei a semana inteira. Só corri no sábado, 1h. E, depois, terça passada, 55 minutos. Mais nada. Não corri na quinta para não me cansar. Já estava treinado, não faria diferença a meu favor, só poderia me prejudicar. Mas joguei boliche na sexta. Pelo menos venci os 3 jogos.

Veja km a km.
http://www.linhadechegada.com/atividade/3996/113555

3 Comentários:

Jorge Cerqueira Souza Filho disse...

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Baldi que pena que não conseguiu completar a MASP meu camarada agora é ter paciência se cuidando para melhorar logo essa lesão. Quanto a yescom é uma verdadeira bagunça mas também os corredores nao ajudam né.
Melhoras ae campeão.

Jorge Cerqueira
www.jmaratona.com

Unknown disse...

Diz aeh fera ... Tive meu episódio da primeira vez que paro em um prova, é punk demais !
Mas melhor saber parar para depois continuar, do que continuar e ficar de molho por semanas ou até meses ...
Mas o fato é que vc é campeão e sempre o será !!!

Sucesso Sempre

JC Baldi disse...

Jorge,
Pena mesmo que não terminei. O tempo estava ajudando, acho que faria uma boa prova, terminando bem em 3h35, 3h40, por aí. Os corredores realmente não ajudam. Tem pelotão, tem que obedecer, não sair na frente se é lento. É questão de respeito básico.

Eduardo,
Muitos corredores vêm com aquele lema "desistir é para sempre, blá, blá, blá", mas há hora em que é preciso desistir. Não há pq a pessoa se lesionar feio, se arrastar para mostrar que pode e depois ficar com sequelas.
Evidente que há uma frustração e é preciso saber lidar com isso, mas parar para não te prejudicar ali na frente é uma atitude acertada. As pessoas de fora é que, por vezes, ficam cobrando sem necessidade. É preciso fazer as coisas com prazer e não como obrigação de terminar pq outros irão te cobrar por isso.

Valeu pelas palavras.

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