segunda-feira, 4 de junho de 2012

41ª maratona

Porto Alegre foi minha 41ª maratona. Na verdade, 38ª maratona, maratona mesmo, pois fiz duas de 50km em Rio Grande e uma em Urubici-SC, mas conto tudo como maratona, já que quem faz 42, faz 50.


Sábado pré-maratona foi uma correria só. Acordei, passei em cliente em Viamão, voltei para casa, peguei meus amigos cariocas na rodoviária, larguei-os no hotel, esperei por lá, peguei um outro amigo deles em outro hotel no centro, fomos à zona sul, peguei meu filho mais novo, almoçamos no Divino Sabor da Otto Niemayer, saímos de lá para o Jockey, para pegar o kit deles com o Daniel, ficamos por lá um tempo, deixei o filho em casa, larguei-os nos hotéis respectivos, fui para casa, mamãe ligou querendo saber que horas iria lá dormir, mas também porque queria que trocasse a resistência do chuveiro, passei no supermercado antes, de modo que cheguei na casa dela pelas 19h30, quase morto. Tarefas cumpridas, 20h30 já estava na cama. Nunca dormi tão cedo e tão cansado antes de uma maratona. Não teve nem falta de sono por ansiedade pré-maratona.


Durante a semana, senti uma dor no adutor do glúteo (que bonitinho) esquerdo, fruto de ter corrido acompanhando os ironmans lá em Jurerê. Fiquei meio receoso quanto a isso. Não era hora de aparecer dor, mas... Biofenac, Advil e reza.

Domingo, 5h30, acordo. Tomo meu banho, uma batida (vitamina para alguns outros estados) de banana com whey protein e meio saco de bisnaguinhas dos 7 guris (=Seven Boys). Check list mental feito, tudo pronto. Peguei a bicicleta (o apartamento da minha mãe é nem 2 km da largada) e fui para a largada. Ainda estava super escuro. Mal tínhamos luz para ver de quem era qual kit.


Tudo pronto, vaselina nas áreas de atrito, gel no calção, na braçadeira, no boné, e agora: corro com a camiseta por baixo ou não? O Dani disse: vai esquentar, não corre com isso. Mas como sou meio teimoso (meio?), vou correr com ela. Porque é boa para correr, é daquelas grudadas no corpo, e havia muito vento, nesses casos ela regula melhor a temperatura, evita passar o frio.


Largada dada, saímos, eu e o Zé Luiz, meu amigo carioca, para fazer 5/km no ínicio, mas já avistamos o Renato e o Álvaro pouco à frente. Aceleramos para chegar neles, pensei em ficar com eles um tempo, mas seguimos em frente, embora com os dois colados a nós. Me sentia cansado.


Começo dentro do programado, na média de 4:55, um pouco menos por km. Passamos pelo Centro Histórico (hoje em dia, tudo que é cidade tem Centro Histórico - para fins de turismo), por ali o trajeto era o contrário do que sempre foi, indo pela Mauá e retornando Júlio de Castilhos e Siqueira Campos. O ventinho bandido já dava o ar da sua graça a essa altura. Em matéria de clima, tirando essa questão do vento em alguns pontos, o tempo nem ajudou muito, nem prejudicou. A temperatura esteve perto dos 15 no começo e estabilizou pelos 18, 19 no restante da prova.


Saindo do centro, seguimos pela Loureiro da Silva (Perimetral antiga), entramos na Sarmento Leite (da Ufrgs) e ali encaramos o trecho com maiores subidas: tem a subida para chegar no Colégio Rosário, umas duas ou três pequenas subidas na Vasco e depois na Mariante com Goethe até o Parcão. Por ali, na descida, cruzávamos com quem subia. Deu para ver o Renato e o Álvaro logo atrás e, um pouco depois, o Alessandro e o Claiton. Nova subida no viaduto sobre a Protásio Alves. Vínhamos bem até ali, eu e o Zé.


Dobramos na Av. Ipiranga à esquerda. Por ela íamos até o km 21, mais ou menos. Por antes dele, retirei a camiseta que usava por baixo e, sorte, logo em seguida enxergo o Beck, para o qual atiro-a. Fizemos alguns quilômetros a 4:49, o 24 foi a 4:45, e parecia meio difícil. Saímos da Ipiranga, pegamos a Princesa Isabel, Azenha, e o Zé disse, quando passamos com o Estádio Olímpico à esquerda, entrando no corredor da Av. Érico Veríssimo: quilômetro sofrido. Aqui a experiência veio à mente: disse a ele para diminuirmos um pouco o ritmo. Fizemos 2 quilômetros 5 ou 6s mais lentos e foi o suficiente para que eu pudesse descansar e retomar a postura. Já era na Praia de Belas isso. Seguimos por ela, entramos à direita na Aureliano de Figueiredo Pinto e ali tomamos um baque psicológico: a maratona não dobrou à esquerda como sempre fazia na João Alfredo. Eu sabia da mudança, mas não lembrei. E como foi sofrido seguir em frente até a Ipiranga e retornar.


Retornando, enxerguei o Renato uns 100, 150 atrás, e o Álvaro um pouco mais distante. Pensei: mais ou 3 ou 4 quilômetros me pega, porque a diferença diminuiu bastante em relação ao km 21 onde nos avistamos cada um de um lado da Ipiranga. Mas segui em frente no ritmo de 4:54/km. Pegamos a João Alfredo, finalmente, a Loureiro da Silva novamente e rumamos ao Centro.


Chegando no Centro, pegamos desta vez a Siqueira Campos e fomos até quase a Prefeitura, dobrando à esquerda e retornando. E, quando retornávamos, nossa senhora dos ventos uivantes: uma rajada atrás da outra segurando o cara. Pensei: "não acredito que vou fazer 8km no final de maratona com esse vento contra." O km 35 foi o meu pior: 5:18. Mas no 36 já melhorou e depois o vento se controlou. E mais ou menos por aqui deixei o Zé Luiz para trás.


Melhorei um pouco, retomei o ritmo de antes, fiz o 37 e 38 a 4:54 e acho que era quase (ou) km 39 quando o Julio-hermano-argentino e a Bruna chegaram de bicicleta para ajudar. Ela disse que iria ficar comigo, me deram Gatorade, e o xará argentino foi ajudar outros que estavam mais atrás. Embora não olhassse para trás, e a Bruna tivesse dito que o Renato estava longe, imaginei que ele fosse me alcançar. Mas também pensei: vai suar bastante, porque eu estava correndo no mesmo ritmo, fiz bons quilômetros, ele teria que se superar. Mas o maluco vinha (vi hoje) fazendo o km a 4:43. Tirou mais de 50s em 5km e nem foi culpa minha. Ele é que fez o improvável. Dificilmente alguém tem forças para buscar outro corredor que mantém o ritmo no final. E a diferença foi sumindo até que me alcançou quando fechou o 41, se não me engano. Até disse para seguir em frente, mas ficou junto comigo. E até deu para fazermos um sprint nos últimos 400, 500m, fechando a prova em 3:27:38 segundo os dados do meu Garmin (O site do Corpa deu 1:43:09 para a primeira metade e 1:44:27 para a segunda - 3:27:36 tempo oficial. 302º lugar dos 1416 que concluíram, 274/1207 dos homens).


Acabou ficando dentro do previsto. Cheguei a pensar que talvez pudesse fazer 3h25, mas ficou de bom tamanho. É preciso sempre lembrar que cada ano que passa fica mais difícil repetir os anos anteriores.


A chegada foi boa, o pórtico era bem localizado, mas achei a parte das frutas e iogurte meio distante. Não tinha nem a percebido, já que o próprio pórtico do Jockey escondia o espaço. Aí saí do funil porque nem lembrei desse estande, quis pegar depois na "boca do caixa", me barraram e tivemos momentos de tensão, porque não tinha sentido retornar para entrar no funil novamente. Creio que o local de entrega da medalha e esse estande devam estar mais próximos. A gente termina a maratona e ainda está curtindo o término mentalmente, nem sempre consegue juntar o tico e o teco. Seria louvável facilitarem a nossa vida.


O abastecimento na prova foi ótimo, havia bastante água, gatorade, bananas, mas, em alguns pontos, só encontrei água "ambiente", ao invés de gelada. Se esquentasse...não sei não.


O percurso é que me pareceu com muitas quebradas e voltas, principalmente para quem conhece a cidade. Vai no centro, volta. Vai na Ipiranga, volta. Aquele pedaço que passa da João Alfredo, então... Aí vamos ao centro novamente e passamos pela Usina, sabendo que temos que passar ali novamente...


Creio também que fazer as pessoas saírem em direção à Vila Assunção é melhor, pois elas retornam e passam defronte à largada, ajudando na participação do público, meio que fazendo uma "volta de apresentação". E nem precisa ser muita coisa. Poderia ser uns 500m somente. Seria bom do ponto de vista de quem acompanha a prova, um dos pontos fracos da maratona. Pode atrapalhar o revezamento, pode, mas para tudo há solução.


Também vale a pena ressaltar que não vi gente buzinando enlouquecidamente como nos anos anteriores. Aliás, nem ouvi buzina alguma. Pode ter sido fruto da campanha da RBS, com as apresentadoras da tevê participando toda hora dos treinamentos, mostrando matérias, divulgando.  Isso pode ter sensibilizado o público, alertado para a prova. Porque nesse ano teve mais fechamentos de ruas que no ano anterior. Então, a lógica seria mais reclamações. Também penso que diversos alertas através do Facebook possam ter ajudado nossos amigos desavidos e reclamões que adoram cruzar a cidade numa manhã de domingo para visitar a sogra.


Foi uma boa prova. Mas é preciso alguns ajustes pontuais. A área das barracas das equipes ficou pior no Jockey do que era no Barra, do ponto de vista de acompanhar a largada e a prova em si. Parecia um galpão abandonado, já que o Jockey anda meio às moscas. Feio. Mas tudo isso é meio encoberto pelo clima. Quando ele não é contrário, quase todo mundo gosta da prova. Foi o que aconteceu.


Agora é descansar esse adutor do glúteo que está incomodando hoje, porque dia 17, em São Paulo, tem mais maratona. Infelizmente, SP tem percurso pior e sai mais tarde (8:40). Normalmente essas brincadeiras significam de 10 a 15 minutos a mais do que o tempo em Porto Alegre. Mas vamos ver se consigo ficar nas 3h34/3h35 das duas vezes em que corri por lá. Oremos.


(quando tiver mais umas fotos bacanas, incluo no texto)

2 Comentários:

Mário disse...

Parabéns pela 41a Maratona Baldão, mete pata em sampa e nos dá o exemplo de como se faz. Abraço, Mário.

JC Baldi disse...

Valeu, Marião. Parabéns pela tua também, melhor ainda que a minha. Sampa vamos ver o que acontece... sempre se perde uns 10, 15 minutos por lá. Vou tentar não perder mais que isso.

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