terça-feira, 11 de outubro de 2011

Maratona de Buenos Aires - parte II

Bem, falando especificamente da prova, não é difícil organizar uma boa prova em Buenos Aires. Quase tudo ajuda. Temperatura relativamente boa na época, percurso quase todo plano, vários pontos turísticos, inúmeros parques, avenidas largas.

Uma das coisas que faltou foi um grande público durante o trajeto, mas isso ficcou em segundo plano, pois não se corria sozinho nunca, já que eram mais de 7.000 corredores na prova.

Às 7h30 foi dada a largada, na Av. Figueroa Alcorta y Monroe, a avenida do estádio do River Plate, clube dos mais tradicionais da Argentina, principal rival do Boca Juniors. Em relação ao ano passado, houve uma pequena mudança na disposição dos atletas, pois a concentração dos corredores pré-prova não era na avenida, e sim ao lado dela, na grama do parque, onde também se dispunham os banheiros (que achei insuficientes) e o guarda-volumes. A avenida foi dividida em baias de tempo. Durante a feira da maratona, quando pegávamos o kit, nos perguntavam qual o tempo que iríamos terminar a maratona. Nos era dada uma pulseira com determinada cor que signigica aquele tempo prévio. Na hora da prova, bastava entrar no local destinado àquela cor. Havia gente controlando a entrada, mas não a divisão entre os pelotões de tempo, já na avenida... de modo que muitos corredores trocaram o seu local indevidamente (bastava passar por debaixo de uma fitinha - foi o meu caso, porque me deram a cor errada de pulseira). Não precisaria dizer, mas isso é uma atitude extremamente egoísta que causa prejuízos aos demais corredores, já que a pessoa vai sair num pelotão mais rápido, correndo de forma mais lenta. Eu e o Claiton, que largamos juntos, tivemos que ultrapassar inúmeros atletas que, nitidamente, tinham um ritmo bem aquém de onde largaram.

Largamos eu e o Claiton, portanto, driblando esse povo todo que andava no local errado, e fizemos o primeiro km em 5:19. Disse para ele ficar tranquilo, já que depois naturalmente iríamos ajeitando o ritmo para chegar lá pelo km 10 nos 5min/km que pretendíamos fazer em toda a maratona. E foi o que aconteceu: passamos os 10km em 49:54. Até ali, achei o começo meio cheio de dobra aqui, dobra ali, mas nada absurdo que nem Curitiba. Lá pelo km 5, um cara apresentando sinais de alguma embriaguez ou algo mais passou pela barreira de trânsito com seu Bora e se deparou com aquele povo correndo. Teve que parar, desceu do carro e... a polícia desceu o sarrafo. No km 11, passamos pelo Obelisco e seguimos em direção do Caminito e ao estádio do Boca.

No km 15, estávamos um pouco abaixo dos 5:00/km (1:14:11), e seguindo bem. Passamos e fomos ultrapassados por alguns brasileiros daqui do RS. Não sei precisar bem quando era o estádio do Boca, mas ouvia uma certa euforia de inúmeros corredores quando passamos por lá. Bem por ali, havia um carro vermelho (cor do River) queimado, o que chamou a atenção de diversos de nós da EDR.

Saímos do Caminito, vamos em direção ao lado feio do Puerto Madero (creio que km 19). Ali estávamos na parte traseira do porto, cheia de navios velhos, enferrujados, um local meio ermo e provavelmente pouco utilizado. Andávamos por ali até chegar no km 25, mais ou menos, na parte glamurosa do local.

Pouco antes, pelo km 20, o Claiton ficou uns 20 metros para trás. Esperei-o e perguntei: "Que pasa, chico?" Ele respondeu "nada", mas havia sentido dor no glúteo, contou depois. Seguimos em frente e passamos o km 21 em 1:44:02, com uma pequena margem, portanto, em relação aos 5:00/km. Mais ou menos por ali, o sol quis mostrar a cara, mas foi só uma ameaça. De qualquer forma, a temperatura, momentaneamente, subiu e senti um pouco. Cheguei até a temer o final, mas foi apenas um sustinho. Creio que foi no km 27 que o Claiton deu uma sentida maior, quebrou o ritmo e dei uma esperada por ele (fiz em 5:13 - 2:13:45 no total). Ele já estava me mandando embora há tempos, mas achei que minha utilidade seria maior ficando do lado dele. Queria ajudá-lo a baixar das 3h e quarenta e poucos, que era seu recorde pessoal.

Passamos o km 30 em 2:28:32, média de 4:57/km. Só que os quilômetros seguintes foram a 5:27 e 5:13, de modo que maratona em 3h30 já estava fora de questão. Quase no km 35 conseguíamos enxergar a Bruna e seu indefectível calção vermelho correndo com alguém, achei que na hora era a Mica, do Clube da Enfordina, mas podia ser o Mário também, que havia sentido uma fisgada na panturrilha lá pelo km 12 e vinha "devagar" (?!!) para apenas completar a prova. Nosso ritmo caiu, fazíamos o km a 5:20 na média, até que encontramos a Bruna e Bina na contramão, à nossa procura, para nos puxar na reta final (km 37/38). A Bruna até queria que eu fosse mais forte, já que a Bina podia acompanhar o Claiton, mas achei que devia acompanhá-lo até o final, uma vez que já havíamos ido até ali juntos.

Desde mais ou menos o km 36, o percurso é dentro do parque, o que é muito bonito e ajuda bastante, já que é arborizado. Cruzamos o km 40 em 3:22:13 e as duas nos acompanharam até o km 42, de onde não podiam passar. Os últimos 195 metros acho que foram os mais difíceis do mundo, pois certamente havia bem mais do que 195 metros. Simplesmente a chegada não aparecia de jeito algum. Fechei em 3:37:12, e o GPS (da Bina, emprestado) marcou 42,74 km, ou seja, só uns 500 metros a mais...

Só que o meu chip perdi lá pelo km 36. Como era meio que de papel e de arramar no tênis, quando fui amarrar, rasgou... coloquei esparadrapo para segurar e fui cuidando, mas é que nem colocar o leite para ferver: quando a gente não olha, ferve. Não olhei, sumiu. De qualquer forma, meu tempo final aparece no site, e o chip só marcou minha passagem pelo km 10, e até do 4º colocado na prova não há inúmeras parciais. Independente disso, foi uma ótima maratona. Achei que talvez pudesse fazer um pouco melhor, mas fiquei plenamente satisfeito com o desempenho, ainda mais levando-se em consideração os transtornos da viagem de ida, com uma noite praticamente sem dormir quase nada. Ano que vem acho que estarei de volta em terras portenhas.



(assim que as fotos aparecem no site argentino e puder comprá-las, posto aqui)

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