sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Patrocínios

Depois da prova de Foz, encontramos o Claudir Rodrigues no corredor do hotel, preparando-se para ir embora, e o Irio, como "vereador" que é, e aglutinador de pessoas, puxou aquelas conversas intermináveis dele.


Claudir, para quem não é do Rio Grande do Sul, e não sabe, ou é desatento como eu, é o melhor corredor que temos por aqui. Foi vencedor da maratona de Porto Alegre por 3 vezes (2002, 2004 e 2006), de Curitiba (2005 e 2008) e de São Paulo (2008), salvo engano meu.

Tempos atrás, ele tinha o patrocínio da Universidade de Caxias do Sul (UCS), onde cursava a faculdade de educação física. Mas eles encerraram os patrocínios na área de atletismo. Em abril, ao chegar em segundo na maratona de Florianópolis, Claudir se machucou. E, pasmem, o então patrocinador dele, uma empresa americana de tênis, presente no Brasil desde agosto de 2007 e marca oficial da Federação Paulista de Atletismo, cortou o patrocínio.

Bem, todo mundo quer baixar custos desnecessários. Hoje em dia, tudo é cifrão, meta, competitividade e retorno. Mas, no atletismo, o cidadão pode se lesionar e parar por alguns meses. É justamente quando precisa de amparo financeiro, porque não pode receber trabalhando. E, evidentemente, nenhum atleta pode treinar e correr bem, sabendo que, se houver alguma lesão, perde o suporte financeiro. Ou seja, tiram o alicerce da vida dele.

Mas o que nos impressionou, além dessa atitude pequena, foi o valor de patrocínio que ele recebia, sendo atleta com esse currículo: R$ 1.000,00 mensais. Isso mesmo, pouco mais de 2 salários mínimos por mês. E o que é isso para uma empresa do ramo esportivo? Nada, uma miséria.

Ficamos consternados e estupefatos com a situação, porque, se quisermos, embora não seja o nosso foco, o meu escritório e a corretora do Irio têm condições de arcar com esse valor, enquanto quem precisa de projeção no mercado não se dispõe a investir num produto desse quilate. E tudo isso por uma lesão que o deixou cerca de apenas 1 mês fora dos treinos.

Depois, conversando com a Helena, esposa do Coquinho, ex-maratonista (2h13 em Roma, 1979) e empresário paranaense, que tem um centro de treinamento em Nova Santa Bárbara, soubemos que os valores giram em torno desse valor mesmo e que, quando o povo se lesiona, adeus grana. Foi também assim com a Marily dos Santos, nossa representante nas Olimpíadas de Pequim-2008. (Aliás, no blog do MM e jornalista da Folha, Rodolfo Lucena, tem uma entrevista comovente dela)

Claro que a gente tinha noção que nem tudo eram flores no meio do atletismo, mas não imaginávamos que fosse tão triste assim. Isso explica em parte porque não surge muita gente boa na área. Porque chega uma hora que até o mais otimista desanima. E larga tudo e vai trabalhar de carteira assinada em alguma área qualquer. Sem ter que sair na chuva, no frio ou no sol escaldante em busca de um futuro que talvez nunca virá.

2 Comentários:

Anônimo disse...

Oi JC!! Realmente o dia a dia de quem sobrevive do esporte não é fácil!! E cada um atleta tem uma história diferente e complicada. Mas, espero que com as olimpíadas de 2016 por aqui, todos vejam o esporte, principalmente os menos focados na mpidia, com outros olhos e ajudem o seu desenvilvimento... Passei para deixar um abração. Boa semana e excelentes treinos!! Tuco

JC Baldi disse...

Cara, quem vive do esporte, normalmente, está ferrado. Tomara que a olimpíada deve uma alanvancada no segmento. Estamos precisando.
Boa semana prá ti tbém e excelentes treinos.
Abraço

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