segunda-feira, 16 de abril de 2012
Hoje, segunda, foi realizada a Maratona de Boston, nos EUA. A maratona mais antiga do mundo. O tempo do vencedor (2:12:40) piorou em quase 10 minutos em relação ao ano anterior. Tudo por conta de uma coisa chamada calor.
Quando a gente corre uma prova longa como a maratona, tem que colocar na cabeça que o tempo no dia é fundamental, além do percurso, claro. Mas condição climática é quase sempre responsável pelo sucesso ou insucesso. Fez calor, esqueça o tempo. Faça uma maratona para chegar inteiro. Do contrário, é quebra quase na certa.
Muita gente tenta repetir o tempo que faz nos treinos com condições climáticas muito mais favoráveis. Não vai dar. Aqui no RS, então, a coisa é muito mais grave. Passamos quase 6 meses sem calor forte, quando saímos a correr pelo mundo afora e nos deparamos com calor, a coisa degringola. Na verdade, nem é preciso ir muito longe, basta subir a São Paulo ou Rio que já sofremos...
Mas o que quero salientar é que muita gente (experiente até) continua a cometer esse erro de achar que vai conseguir repetir performance no calor ou pensar que "quebraria de qualquer forma" ou "vou até quando aguentar". Outro dia fui convidado a opinar sobre "split negativo" e quebra num site de revista especializada. Minha opinião é bem simples: quando a pessoa arrisca uma melhor marca, quase sempre quebra. Aí me replicaram dizendo que fulano de tal fez sua melhor marca fazendo a segunda metade da prova pior. Ok, é possível. Só que, se não arriscasse no início, e fosse de forma mais conservadora, faria sua melhor marca melhor ainda.
Então, é possível arriscar e dar certo. Mas quase sempre dá errado. E quando está calor, então, aí a chance de dar errado é 99,99%! A maioria das pessoas tem uma perda na segunda metade de uma maratona, mas é preciso que essa perda seja algo aceitável. Tu não podes fazer a primeira metade em 1h30 e a segunda em 2h e culpar o calor... Não, amigo, a culpa é tua mesmo. A não ser que estivesse 10 graus e depois subisse para 30 em 2h...
Boston é a maratona em que reúne só gente "qualificada". É preciso índice para participar dela. Não é qualquer pangaré que chega lá. O cara que liderou até o km 10, Glenn Randall, um desconhecido até aquele momento, tinha 2h20 na edição anterior. Ponteou até quando deu, mas não tinha como dar por conta do calor. Arriscou seus 15 minutos de fama. Terminou em 2h37, ou seja, piorou por arriscar no calor.
Agora, se um corredor de ponta arrisca e se dá mal, imagina o que acontece com um pangaré que nem nós, que está menos treinado ainda do que eles? O cara se arrasta, desidrata, excomunga a sogra, diz que nunca mais corre maratona, fica uma semana descendo escadas de lado e por aí vai.
Portanto, fez calor, não tente bancar o super-homem. Faça o feijão-com-arroz e se contente com o for possível. Deixe uma quebra de recorde para quando a temperatura ajudar.
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2 Comentários:
Realmente o clima influi diretamente na performance do atleta. Se não estiver acostumado com o calor, irá sofrer um pouco (ou muito!!!) Toda vez que vou ao Rio para uma corrida sinto isso na pele!
Abração!
Dona D
www.nomundodaslulus.blogspot.com
Tanto é assim, "Lulu", que às vezes tem corredor que não sentiu o calor. Isso porque ele estava muito bem treinado. Sente mais que está pior treinado.
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