Ultra Desafio Farroupilha 24h
Parque Marinha do Brasil, sábado de sol, 28 graus, umidade alta, 10h da manhã. Com essa atmosfera, foi dada a largada para a indiada das 24h do Ultra Desafio Farroupilha 24h, organizado pela Audax4, o mesmo povo que organiza a São Chico Eco Running.
O kit da prova tinha uma camiseta boa, alguns brindes e não muito mais que isso. Mas a inscrição dava direito também a 4 refeições durante a prova, que foram o almoço (massa com molho de frango), janta (2 tipos de massa com o mesmo molho de frango, batata e cenoura), uma sopa (maravilhosa) durante a madrugada e sanduíche pela manhã. Alguns reclamaram da primeira massa, mas achei justo o conjunto da obra pelo valor da inscrição.
Isto posto, vou começar pelos agradecimentos, pois, como a prova foi longa, o relato será igualmente longo, e quem lê já chega cansado e mal percebe o nome das pessoas lá no final, onde costumam estar. Em primeiríssmo lugar, meus(nossos) agradecimentos ao nosso chefe, Daniel Rech, que esteve presente em praticamente as 24h da prova. "Dani, precisamos de mais gelo." E lá vai ele comprar. "E a luz? Depois das 18h vai escurecer (hahaha)". E lá vai o Thomas Edison. "Dani, repelente." (É, teve gente que pediu...) Em 2º lugar, o Lionel, que esteve nos ajudando em boa parte da noite e da madrugada. Sem esses dois, tudo seria mais difícil, bem mais difícil. A toda hora, precisávamos ajeitar coisas, e sem o auxílio de ambos, deslocar isopor cheio, mochilas, colocar proteção na barraca quando desabou água durante a madrugada, tudo isso seria mais complicado e cansativo. Esses 2 foram top, top. Excelentes parcerias. Depois a Conceição, que trouxe biscoitos e chocolate quente (se não tomamos tudo foi porque o organismo não aceitava mais), e esteve presente com aquela simpatia de sempre. O Juarez e a Márcia também andaram por lá e deixaram guloseimas. O resto, embora não menos importante, não irei nominar, porque é muita gente e certamente esquecerei de alguém e estaria cometendo uma grande injustiça. Portanto, meus sinceros e generalizados agradecimentos àqueles que mandaram mensagem, telefonaram (bêbadas) ou passaram por lá, só para desejar um simples "boa sorte". Vocês não sabem a força que o gesto de vocês tem.
Agora vamos falar da prova propriamente dita: nossa estratégia era correr cada um 2h, 2h, 1h e 1h. Completamente equivocada! hahaha. Coisa de quem nunca havia participado de uma corrida desse porte. Ninguém iria conseguir correr bem desse jeito. Mas isso só foi possível perceber porque o calor estava insuportável. Então o Davi, que foi quem começou a corrida, chamou o Claiton para falar que não tinha como fazer 2h com aquele tempo, não haveria como manter o ritmo. Baixamos, portanto, para 1h, que consistia em fazer 4 voltas de 3km no circuito. No meu GPS não deu exatamente 3km, mas isso é outra história.
A sequência da nossa equipe era: Davi, Claiton, Mário e eu. Os 3 malucos correram alucinados a parte deles, 4:40/km. Eu não iria fazer isso, porque certamente quebraria no meio do caminho. Não estou correndo tanto quanto eles. Semana passada, mal consegui fazer o treino de 30 km no Lami... Então, pensei: "Vou correr a 5:00/km, que é para tentar ir mais longe sem caminhar."
Corri assim minhas primeiras 4 voltas. Eles baixaram o ritmo um pouco depois também. E o Mário, ao invés de 4, dava 5 voltas... Teve horas que achei que quando acabasse a prova, ele iria pedir para continuar correndo mais um pouco...
A gente corria, tomava um banho e descansava nos colchões. Isso foi extremamente útil, porque foi possivel esticar as pernas, relaxar e se alimentar nos intervalos entre uma corrida e outra.
Se não me engano, na primeira parcial, estávamos em 5º das 6 equipes nos quartetos. Enquanto isso, lá na frente, um pega doido entre a Sub-4 e a Cia. dos Cavalos. Alguém não iria aguentar aquele tranco por muito tempo. A prova não estava nem na metade, e eles se matando para ver quem ganhava. É que nem eu digo: "Isso tem tudo para dar errado." E claro que deu: alguém da Sub-4 se machucou. Ficaram só com 3. Desistiram. A gente, que não tinha nada a ver com isso (até aquele momento), subiu uma posição, mas acho que logo em seguida já havíamos passado o 4º lugar e, consequentemente, agora estávamos em terceiro. A equipe em segundo era de uns "veteranos" de Brasília (na foto mais abaixo conosco). Estavam com a barraca bem na frente da nossa. As outras equipes eram de Imbé/Tramandaí e do Vale do Taquari, a Adrennon (blog aqui).
Durante a prova, o Davi (que era o mais cansado de todos) ditou a estratégia: cada vez que a última volta começava a ficar complicada, ele chorava e a gente diminuía na próxima, exceto um alopradinho que sempre fazia uma a mais... Assim, fizemos 3 voltas, depois diminuímos para duas.
Com o passar das horas, fomos abrindo distância do 4º lugar, e do 2º estávamos a 3 voltas ( +/- 9km). E isso ficou um bom tempo assim, pois nosso ritmo era parecido com o deles, pouca coisa mais lenta apenas. De modo que, durante a madrugada, criou-se um caloroso debate: não alcançaremos mais o 2º lugar e não perderemos o 3º. Correr para que até às 10h da manhã? O Davi levantou o tema, e eu fiquei propenso a aceitar a proposta, mas os outros 2 endiabrados não toparam de jeito algum. O que foi bom, porque, sinceramente, foi muito legal chegar até o final correndo praticamente igual a como começamos, mesmo sem ter chance de alcançar o segundo lugar. Aliás, foi uma das minhas melhores corridas nos últimos tempos. Em meus sonhos mais otimistas, jamais imaginei que correria o tempo todo, sem caminhar, e ainda mais com o ritmo praticamente igual do início ao fim. Minha pior volta foi 5:15/km e a média geral deve ter dado 5:05/km, em mais ou menos 6h de corrida, 69 km.
Só que lá pelas tantas o palhaço do Davi avacalhou tudo. Nós fazendo duas voltas a 30, 31 minutos e o cara vem e faz em... 39. Disse que a cabeça perguntava para as pernas: "Tá correndo pra que, seu idiota?" E então ele voltava caminhando, batendo papo, contemplando a natureza do parque...
Então, diminuímos para uma volta cada um. Novamente, todo mundo dando volta a 15, 16 e o palhaço dá uma a 19... Ainda bem que a gente estava de bom humor.
A parte ruim, digamos assim, da prova foi que, como eu era o último a correr, a gente sentava, se reunia e começavam as contas: faltam tantas voltas, tanto isso, tanto aquilo, só que para mim sempre faltava uma a mais, já que eles tinham feito as deles e eu ainda não.
Às 7 e pouco, o Davi correu pela última vez, pois tinha um curso às 9h, e então ficamos só nós 3. Complicou um pouco mais, pois o descanso diminuiu para cerca de 30 minutos. Era colocar um roupa seca, deitar, dar um micro cochilada e levantar para correr novamente. Mas continuamos firmes e fortes até eu fechar a prova uns 3 minutos antes das 10h de domingo. Foi uma indiada e tanto, mas valeu cada momento. Só não me convidem novamente, ok?
Das curiosidades da prova: costumo tomar 4 ou 5 sachês de carboidrato em gel durante uma maratona, mais ou menos em 3h30. Tomei 1 e meio durante a prova inteira, 24h. Tinha hora que não descia mais nada: água, powerade, gel, comida, nadinha. Claro que as refeições que serviam ajudaram a não precisar de gel, mas, mesmo assim, muito tem a ver com o desgaste do organismo. Como a gente corria e parava, sempre acabava se hidratando, provavelmente em excesso, por isso o organismo rejeitava. Corri com 3 tênis diferentes, para aproveitar melhor o amortecimento deles (melhor que usar um só 6 horas). Isso já ajudava também a ficar sem tênis um tempo, para os pés descansarem. E usei uns 12 pares de meias, segundo o Dani. Não tinha porque ficar usando meia molhada e arriscar uma bolha ou algum machucado no pés. Se não dava para correr com tênis secos, pelo menos as meias estavam antes de começar a correr. E procurei usar meias com cano mais longo, já que corríamos num trajeto de areia e, depois, com a chuva, aquilo virou um barro só.
1 Comentário:
Parabéns pela prova !
Sonho em um dia fazer uma desta...
Fábio
www.42afrente@blogspot.com
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