segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

9ª TTT - 81,4 km



Depois de 2 anos, consegui realizar essa prova. Não foram duas tentativas, apenas uma em 2011. Embora já tenha repetido umas 200 vezes, meu problema naquele ano foi que fiquei doente duas vezes em 20 dias, naquele mês final de treinamento. Também é verdade que não treinei bem e que, provavelmente, faria uma má prova, talvez nem terminasse, como não terminei. Mas isso é passado.

Sábado foi diferente. Treinei melhor, não tanto quanto gostaria, mas o suficiente para chegar dentro do que planejava: perto de 8h. Na terça, no Congresso Técnico, o Pablo (que fez a prova pela 2ª vez), disse que o tempo "viraria" e que teríamos vento contra. Fui conferir a informação e realmente todos os prognósticos apontam isso. "Ferrou", pensei. Não tem nada pior que vento em demasia. Quando treino me irrito bastante com ele. A av. Beira-Rio é pródiga em ventania, chega a ser cansativo. O cara vai contra o vento, acha que na volta vai ficar a favor, e o vento é contra novamente.

Mas, fazer o quê? Não tem saída. O negócio é largar e ver o que acontece. Não vamos sofrer por antecipação. Cheguei 9 e pouco da noite em Torres, fui comer, voltamos, quando vi já era 23h30. Mais uma demoradinha básica para dormir em função da adrenalina, final das contas dormi umas 4h, já que acordei às 4:30. Cheguei 10 minutos antes da largada, o Daniel (treinador) já meio nervoso (estou te ligando há horas). Estava tentando me certificar de que não haveria paradas incômodas durante a prova (o que foi em vão).

6h em ponto largamos. Meu relógio GPS/Garmin desperta no horário, demorei a conseguir desligá-lo e ligar o cronômetro. Logo em seguida vi que perdi mais ou menos uns 80m, pelo barulhinho dos GPSs alheios marcando os quilômetros seguintes. O começo da prova é dentro da cidade de Torres, com asfalto. Por volta do km 2 pegamos um "chão batido", no 3 ingressamos na praia. Havia uma brisa leve quando entramos, mas logo no km 4 o vento deu as caras. A areia também não está nada boa, molhada, pesada.

Programei para correr a 5:30/km até onde fosse possível. O Guilherme, meu filho, saiu pedalando junto. Sofreu mais do que eu, principalmente a partir do km 10, quando o vento aumentou um pouco. Já chegou meio esgotado no posto de troca, mais ou menos km 12,3. O tempo oficial no site do Corpa foi 1:05:27, o que deu 5:26/km. O Guilherme se foi, a Juliana começou a pedalar. Mas sofreu mais ainda do que ele, começou a ficar para trás. Quase no final do trecho, ela passa de carona em um Buggy...hilário. Não conseguia mais pedalar para me acompanhar. Só que ela não sabia que o Guilherme ainda não havia chegado no posto de troca, por conta da falta de motorista no carro. Nem eu. Fiquei sem o gel das 2h (estava tomando de 40 em 40 minutos) e sem minhas garrafas de água de coco e sem nenhum outro gel até o próximo posto, que era no km 34.

Tudo bem. Na hora excomunguei, fiquei meio p da vida, mas acontece. Vida que segue. Esperemos pelo próximo trecho. Aí a Bruna chegou pedalando, com quase tudo que precisava. Vamos lá. Segui na média de 5:31, acho, até o km 48, quando fui obrigado a fazer um pit stop por conta de problemas de força maior. Não riam. Como sou um cara experiente, levei lenços umedecidos; do lado direito, dunas: perfeito. Não perdi muito tempo, acho que uns 2:30 entre subir lá, "fazer" e voltar. Dei 8:16 esse km. Depois caí um pouquinho, comecei a fazer a 6, 6:15/km. Mas aí no km 58, quando chegava no posto de troca, me obriguei a outra parada técnica. Foi até engraçado: o fotógrafo se posicionou para tirar a foto, e eu peguei a direita para o banheiro quimico. Deu 8:39 nesse km, voltei e o fotógrafo ainda conseguir tirar a foto.

Nesse ponto, a gente passa por dentro da banca, a Cynthia, minha ex-colega de colégio e que me entregou o kit, estava lá e correu em minha direção. Corremos juntos e abraçados por um tempo, ela me perguntando como estava, só disse: "não está fácil". Foi muito bacana. (ou será que isso foi no posto anterior?)

Perto do km 64 é o próximo posto de troca. A Bruna, um pouco antes vai em frente, para poder chegar e reabastecer a mochila. Ela vai pedalando, daqui a pouco vou diminuindo a distância, chego nela e pergunto: "Tu não ias na frente?" Me responde: "Ah, tá, estás te exibindo?" Casualmente fecha o km nesse momento e dá 5:30. "Estou mesmo", respondo. Um pouco era isso. Outro pouco é que ela sentia o esforço. Pedalar na areia e contra o vento é pior que correr nas mesmas condições.

Chegamos no posto de troca. Inventei de pegar outro tênis. Nunca faça uma idiotice dessas. A Juliana tem dificuldades em colocar a meia limpinha nos meus pés (pois estão molhados). Perdi tempo, ritmo,  não ajudou nada, e voltei pior do que quando parei. Além de tudo, me causou uma bolha no final. O Guilherme me acompanhava nesse trecho, mas sofria também. Fiz 4 km na média de 6:30. No km 73 a Bruna já volta a pedalar, na troca de posto, mas está mega cansada. No 74 ela me alcança o I9 de uva verde que eu queria (corredor chato) e damos uma pequena parada. Logo à frente avisto um outro corredor e digo a ela que vou pegá-lo. Vou diminuindo a diferença, mas faltando uns 3 km a Bruna atira a toalha: não tem mais condições de me acompanhar. Diz que vai "descansar um pouco" e me pergunta o que precisa. Digo que preciso só uma garrafa de água, que está quase congelada, o que é ótimo. Sigo tentando chegar no corredor à frente e no km 79,5 o alcanço. Corria numa zona de conforto. Despertou quando dei uma passadinha por ele. Tirou forças não sei de onde e deu uma boa abertura de diferença. Segui no meu ritmo, tentando não perder contato. Está chegando, faço o km 80 a 5:30 e o 81 em 5:49, mas não consigo pegar o cara. Fecho a prova em 7:58:51. Na hora, não deu para ver direito por conta do sol, e meu relógio eu sabia que marcava um pouco menos (7:58:31) em razão daquele problema no início da prova.

Fiquei muito contente, pois queria muito fechar abaixo de 8h. Em um certo momento, pareceu que não era mais possível. Mas foi. Encontro o Rodrigão (3ª vez 2º colocado), que me cumprimenta. O corredor que chegou na minha frente (48s) também sorri, vitorioso, e digo a ele: "tu tens que me agradecer, te ajuei a baixar o tempo." Rimos. Levamos numa boa. Assim que tem que ser. Perdi uma posição no pódio, mas isso nem era importante. O meu adversário era eu mesmo.

Fui para a piscina de gelo. Fiquei um tempão lá. Saio, está doendo mais do que antes (que nem doía). Puxa vida, mas me dizem que logo melhora. E foi isso que aconteceu. Fiquei super bem logo em seguida. Caminhando quase normalmente. E mais tarde no churrasco de confraternização também. E no dia seguinte também. Fazendo no ritmo que a gente sabe que aguenta, tudo dá certo. Hoje, segunda, nem parece que corri 81,4 km. E olha que ainda voltei da praia só às 3h da manhã e às 7h acordava para ir trabalhar.

Às 18h, acontece a premiação. Descubro que fui 5º na categoria dos "veteranos", acima dos 39 anos. Mais felicidade. Não esperava tanto, embora tivesse visto que tinha sido mais ou menos o 15º no geral.
Foi uma experiência única e menos difícil do que pensei que fosse (embora não tenha sido fácil).
Várias pessoas me perguntaram qual tinha sido o pior momento da prova. Não houve. Não houve um momento em que temesse por não terminar, em que estivesse sofrendo demais. No km 58, até brinco com a Bruna: "Bruna, no 60 vou parar, não aguento mais." Só para tirar uma onda dela. Ela enloquece. "Eu te mato", diz.

Mas talvez a parte mais difícil tivesse sido no início. Até o km 35, embora o tempo não estivesse aberto (o sol saiu depois), a areia estava molhada. Foi pesado até ali. Achei que seria mais confortável. O fato de haver pessoas se revezamento na bike ao meu lado ajudou, pois dividiu a prova em trechos menores. Fazia um e pensava no próximo. Não fiquei pensando ainda faltam não sei quantos km. Cheguei no 40, vou indo até o 50 nesse ritmo. Passei mais ou menos dentro do que havia programado e deixado anotado com meu apoio junto às explicações do percurso. Quando cheguei no 50, pensei: "vou até o 60". No 54, lembrei: fiz 2/3 já. Os trechos da tarde (para quem faz o revezamento) são curtos, ajudam a te estimular. Quando vi, faltavam 17 (dois trechos). Calculei de cabeça: 6 x 17= 102, mais meio minuto por km, dá 110 (estava fazendo 6:30/km). Vou chegar depois das 8h. Dei uma arrumada na postura (tinha muito medo de ter dores nas costas - o que não aconteceu) e melhorei o ritmo: está chegando. Faltando uns 15km dá para enxergar os prédios de Tramandaí. Aquilo dá um gás. E como.

Agora é esperar pelas fotos, para ver se tem umas bacanas. Ano que vem? Não, provavelmente não repito. Não tem por quê.


Abaixo os treinos que fiz no período (novembro-janeiro) para vocês teram uma noção. Outubro corri 105 km. Nem conta.


 

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Está chegando a TTT

E faz tempo que não escrevo por aqui. Desde que voltei de 15 dias de férias, no final de outubro, as coisas têm sido difíceis. Uma das minhas funcionárias pediu demissão no dia em que eu saía de férias. Consegui que ficasse até quando voltei, mas no dia que retornei, se foi. Baita... Mas... a vida tem dessas coisas. A outra já havia saído no final de agosto. Com viagem marcada, tive que colocar o funcionário que apareceu na hora. Sem ninguém não dava para ficar. No retorno da viagem, o cara está com crise de apendicite, faz cirurgia e fica 20 dias sem trabalhar. Dá para imaginar um caos assim? Nenhum funcionário para trabalhar quando retornei.

Mesmo debaixo de mau tempo, treinei com foco na TTT, que é sábado. Em outubro, havia treinado 106 km, contando aí a Meia de Amsterdã, feita com a namorada. Em novembro, foram 245, em dezembro, 305, e em janeiro, até ontem havia corrido 252. Amanhã (terça) tem mais uns 22. Não foi exatamente como gostaria, mas nem sempre as coisas saem conforme planejamos. Não adianta se lamentar, é preciso se contentar com o que é o possível. E, para mim, embora quisesse fazer uns treinos a mais, creio que o treino foi suficiente para fazer uma boa prova. Me considero preparado e estou confiante. Lógico que se, no dia, o cara larga com 30 graus e chega aos 40 e poucos durante a prova, lá se vai o planejamento. Mas não é essa a perspectiva. Os dias têm sido quentes, com algum vento, mas a temperatura tem estado amena no início da manhã, o que já ajuda por quase metade da prova. 

Como a prova é na praia, sempre é uma incógnita saber como estará a beira, a areia, o mar. Tudo isso pode atrapalhar um pouco. Treinei em dezembro algumas vezes na praia. Isso ajudou a testar várias situações, já que houve dias bastantes diversos de treino. No meu primeiro treino, senti muito a areia. Estava super fofa e atrapalhou bastante. Em outras ocasiões foi o vento: teve um dia em que fiz 12 km a 6:30/km e na volta os mesmos 12 foram a 4:50. Uma mega diferença, só para exemplicar a dificuldade que era ir num sentido, enquanto que, no outro, havia uma boa ajuda. 

Normalmente, e é o que espero, o vento ajuda na corrida. Estando dia bom, há um vento a favor. Dia ruim, vento contra. Então, de certa parte, tem-se que torcer para um dia ensolarado. Mas não muito, claro. Em 2012 estava quente, mas havia um vento meio lateral que amenizou o calor. 

Gostaria de ter feitos alguns treinos mais longos, mas priorizei correr rápido e uma boa quilometragem, sem me matar em longões intermináveis. Desse modo, fui subindo quilometragem gradativamente, mas adiei os longões por diversas razões, mas principalmente porque queria estar sempre inteiro para o treino seguinte. Até que cheguei no meu ápice de treino, 42 km, no domingo retrasado, 13. Ah, mas, Júlio, é pouco mais da metade.. É, é verdade, mas o treino foi "só" uma maratona, terminei bem, com forças (fiz os últimos 7 km abaixo de 5) e, no meu entender, o mais importante: segunda estava inteiro, sem dores, e terça treinei tranquilamente 2h e quinta mais 2h. Ou seja, o corpo assimilou bem o treino, sem sentir o esforço. Foi exatamente isso que tentei durante o período todo de treinamento. Evitar a fadiga do corpo. Evitar correr bem um dia e mal o resto da semana. Aconteceram, logicamente, alguns treinos muitos bons e outros que não aguentei, principalmente quando os bons eram na quinta. Por vezes o de sábado pela manhã era prejudicado, já que não dava tempo suficiente de o corpo se recuperar, principalmente porque havia a questão do trabalho, que estava duríssimo. A Ju ainda me disse algumas vezes que não sabia como é que eu conseguia dormir o pouco que dormia e ainda treinar tudo que estava treinando. E ainda ter energia para...

E, olha, nem foi um super treino nesse tempo todo, se voltarmos lá no começo o texto. A quilometragem de outubro foi ridícula. Ou seja, houve treino mesmo em novembro, dezembro e agora em janeiro. Mas percebi que cresci muito nas últimas semanas. Evidente que a temperatura ajudou também. Passou uma onda de calor absurda que houve pouco antes do Natal. O cara saía para correr às 8 da noite e estava 35 graus. Aqueles dias foram dureza. Acho que a pior época dos treinos. Outra questão de treinar para essa prova é que os treinos demandam tempo, muito tempo. Não é nem questão de cansaço. Não fiquei atirado num canto, cansado. O grande problema é que saía para treinar e quando voltava já era 10 da noite. Era banho, namorar, comer e dormir. Aí quando via já era meia-noite. Ou mais. Recuperava o sono, dentro do possível, no final de semana. Essa foi a questão mais degastante do treino: o tempo "perdido". Muita coisa  é deixada de lado. Tirando isso, o treino só ajudou: emagreci, estou bem condicionado, não me machuquei, certamente farei alguma boa maratona logo mais adiante durante o ano. 

Ah, a previsão de chegada, sem pipocar: a ideia é chegar em 8h. Com uma margem de erro até 8h30. Qualquer coisa até aqui estarei satisfeito. E, mais do que isso, chegar inteiro. Dentro do contexto de uma prova de 81km, no verão, na beira da praia, evidente. Semana que vem conto como foi.





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