quarta-feira, 25 de maio de 2011

Desculpas nem sempre são sinceras

"Desculpas nem sempre são sinceras, quase nunca são." Frase célebre do Renato Russo na música "Acrilic On Canvas".

O Corpa emitiu uma nota de pedido de desculpas sobre os erros cometidos na Rústica e no revezamento da Maratona de Porto Alegre. O jornalista Túlio Milman, através de seu Twitter,
elogiou a nota. Com todo o respeito, Túlio, não fizeram nada mais do que a obrigação. Se não pedissem desculpas por aquele erro grosseiro seria mais um erro imperdoável.

Pois bem, a nota, mal redigida, tosca e com pontuação sofrível, é essa aqui, que está no blog do Corpa. Leia, se souber tupi-guarani.

Não é clara, não diz onde foi o erro. Diz apenas que um representante da organização errou num retorno. Que retorno? Ninguém disse. Não é citado. Até comentei lá, mas não publicaram. É um direito, publicam o que acharem conveniente, mas, pelo menos, deveriam responder por email, contestando, rebatendo, argumentando. Nem isso fizeram. Estão pouco se lixando. Além do mais, diz "Comunicado Oficial Rústica". Só Rústica? E o revezamento? Não foi lá o erro maior, que envolveu mais pessoas e teve outros desdobramentos, nos corredores seguintes?

Vamos refazer o trajeto para ver onde foi que erraram. E, abaixo, está o mapa do Garmin, para que possa ficar mais claro, se alguém quiser acompanhar visualmente. Clique nele, amplie-o.

A prova saía do estacionamento e dobrava à esquerda. Logo em seguida, havia uma curva na rótula com a Av. Guaíba. Pegamos a esquerda novamente. Adiante, pouco antes da rótula com a Icaraí, a separação entre a rústica, as duplas e os quartetos, que iam pela esquerda, e os octetos, que retornavam à direita. Aqui não pode ter sido o erro. Não pode porque não havia retorno depois. Seguíamos sempre pela Wesceslau Escobar até chegar à Praça da Tristeza. Nenhum retorno até lá. Voltávamos pela Nicolau Dias de Farias, andávamos mais ou menos 1km, dobrávamos à esquerda na Copacabana e pegávamos a Av. Guaíba, passando por onde era o Bar Timbuca, depois o Sava Clube e os Bombeiros. Nada de retorno por aqui também. Não temos onde errar até o momento.

Depois dos Bombeiros, passávamos pela vilinha que tem logo adiante e, em seguida, pelo Clube Veleiros. Tinha um pouco mais de 5km até aqui. Estamos quase chegando na rótula lá do começo da prova e no Barra Shopping. Bem, do Veleiros até a outra ponta da avenida do Barra, na área do antigo Estaleiro Só, tem exatos 2km. Sei muito bem porque estou acostumado a fazer esse trajeto nos meus treinos, quando saio do escritório.

Lá no Estaleiro Só havia um retorno. O único local onde poderia ter havido o erro. Só que o retorno era só para os octetos. Eles estavam fazendo percurso diferente, lembram, né? Ok, todo mundo deveria retornar aqui e não somente os octetos, certo? Errado. Se fosse aqui o erro, porque haveria sinalização em frente, indo até a entrada da Av. Beira-Rio? Não faz o menor sentido essa explicação dada pelo Corpa.

Bom, mas vamos fazer uma forcinha e tentar acreditar nela ainda. Só que disseram que o erro foi cometido por um representante. Um só. Ora, sabemos que ninguém sinaliza uma prova sozinho. Tem alguém no carro, levando cone, fitas adesivas, etc, enfim, ajudando. No mínimo são duas pessoas, normalmente 3. É bem mais rápido do que um sozinho fazendo tudo.

Então, das duas uma: ou o erro não é aqui, ou mais de uma pessoa foi responsável pela lambança. Bem, na minha opinião, uma dessas duas possibilidades deve ter acontecido assim:

1) O Paulo Silva estava super atucanado, acha que pode abraçar o mundo, e não pode, como ninguém pode. Daí foi cuidar do trajeto da maratona. Delegou a sinalização/aferição da rústica e do revezamento para seu filho, Paulinho Stone, ou para um arigó qualquer. Aí caímos naquela máxima: “Às vezes a gente dá uma tarefa simples, mas tão simples, mas tão simples, que achamos que qualquer um pode realizá-la. Mas não pode.” Essa pessoa tinha que aferir rústica e trajeto dos octetos, se passa na marcação e calcula 12 km ao invés de 10. É essa a metragem da primeira volta que fiz: exatos 12 km. Não são 11,8 ou 12,2. São exatos 12. Coincidência que um erro tenha causado um número redondo, não? Só que, percebam: o erro não foi na madrugada, quando sinalizaram a prova. Ele se deu quando foi feita a aferição do percurso, na semana anterior ou antes disso. Normalmente, medem, sinalizam e repassam o trajeto depois. Porque foi nesse dia? Porque alguma pessoa sabia (quem aferiu o percurso) que tinha que colocar cone e sinalização até a entrada da Av. Beira-Rio. Isso não saiu da cabeça de um zé ninguém, assim do nada, no dia.

2) O erro realmente é ali. A minha segunda volta, na qual suprimem o restante do trajeto até a av. Beira-Rio, dá 10,53 km. É mais que os 10km que anunciaram para a Rústica, mas é metade de meia-maratona, é a distância dos quartetos. Bom, tem sentido a marcação e o erro no retorno. Mas aí fica claro que não foi apenas uma pessoa que errou, a não ser que essa pessoa seja quem aferiu o percurso, o que seria um erro bem mais grave, mas isso não foi citado na nota, certo?

Portanto, em qualquer uma das hipóteses, a verdade é que a nota do Corpa é uma mentira.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Porto Alegre precisa se reciclar


Ontem, domingo, foi a 28ª Maratona de Porto Alegre. Desde a minha primeira, em 1987, já devo ter feito umas 20 ou 21. E acompanhado ou me envolvido em mais umas 3 ou 4. Mas, como vocês já sabem, ontem só corri o revezamento.

Mas conversava com outras pessoas sobre a prova, sobre o que aconteceu e o que tem acontecido nos últimos tempos. A maratona de Porto Alegre, assim como a cidade, está estagnada. "Tudo" que temos a nosso favor é o frio. E ele não dá as caras há 3 anos! O trajeto, plano, não é muito diferente de São Paulo, que tem contra si uns túneis chatos e cansativos a mais no final.

Desde aquela edição em 1987, quando corri com uns 200, talvez 300 corredores, pouco evoluímos. O trânsito foi fechado, o abastecimento melhorou, mas isso aconteceu em todas as maratonas sérias. Que mais houve? Nada. Naquele longínquo 1987, a maratona saía do Parcão, ia em direção à zona sul, pegando a Av. Cavalhada (que ainda não era duplicada), dobrava à direita onde hoje tem uma rótula com a Av. Juca Batista, indo em direção a Cel. Marcos, seguia pela Wesceslau Escobar, Icaraí, Chuí, Pinheiro Borda, Padre Cacique, Borges de Medeiros e, acho, Loureiro da Silva, Túnel da Conceição, Farrapos, Barros Cassal para pegar a Vasco da Gama e chegar no Parcão novamente. Teve ano que o trajeto passou pela João Pessoa com Salgado Filho, no coração do centro da cidade!

Pois bem. Aí o Dr. Alceu Collares fez aquele bem à cidade, construindo a Av. Beira-Rio. E isso começou a ser o fim da maratona de Porto Alegre. Porque agora o Corpa e os tecnocratas de mente estreita que dominam a cidade só sabem fazer a maratona por ali, e então vamos brincando de ir prá lá-e-prá cá pela avenida, sem ninguém no trajeto a apoiar. Uma prova no nada para ninguém ver. É o maratonista contra ele mesmo, contra seu próprio limite, literalmente levado ao pé da letra.

No final dos anos 90, início dos 2000, Blumenau era considerada a melhor maratona do Brasil. Trajeto plano, frio, tudo igualzinho a Porto Alegre. Pois ela morreu. Desapareceu. Lógico, a minha comparação não é justa, Blumenau não é uma capital de Estado, mas é para dar a dimensão do que pode acontecer no futuro. Brasília e Recife ficaram alguns anos sem ter maratona, e, olha, não havia nenhuma naquela região, que tem muito mais atrativos. Nos coloquemos na cabeça de quem é de fora: por que eu irei a Porto Alegre, se posso ir a Punta, Buenos Aires ou Santiago, que são mais ou menos a mesma distância e têm muito mais charme, são um passeio muito mais turístico?

Por mais que os corredores viajem a alguma cidade por conta da maratona, a grande massa, que não é competitiva, quer aproveitar a estada, o dinheiro gasto e fazer algum turismo, passear. Quando levava meus amigos cariocas, Zé e Maria Helena, no aeroporto, passamos pelo ônibus que faz o turismo na cidade, e então eles me perguntam por onde passava aquilo e quais os pontos turísticos. Fiquei meio sem jeito em dizer que o ônibus de turismo não para em nenhum local turístico. E ainda fiquei tentando lembrar quais seriam esses pontos... porque Porto Alegre tem Jardim Botânico, mas não é um ponto turístico como em Curitiba. E também não temos Ópera de Arame, entre outras coisas.

Temos a Redenção, mas é ponto turístico exatamente ... no domingo. E aí reside outro problema da maratona de Porto Alegre: quando está frio, ninguém sai para ver a maratona e, quando está calor, todo mundo quer aproveitar o sol e ir para algum parque: Redenção, Parcão, Marinha. E o percurso, que passa por diversos locais "longe da civilização" não contribui em nada para melhorar ou atenuar isso. Se o grande trunfo de Porto Alegre é o frio, e parece que é somente nisso que se baseiam, então ela deve ser em junho ou julho.

Outra coisa que meus amigos me relataram é que não viram obras pela cidade. Um ano se passou da vinda deles e só viram uma obra, que acharam que era um viaduto, quando estavam indo para Gramado na quinta. Aí cheguei à conclusão de que era o novo estádio do Grêmio. A única obra da cidade não é da cidade em si, não tem a mão do poder público. Ok, estou sendo injusto novamente. Há uma obra vultosa em torno do Barra Shopping, lá mesmo no local da maratona. Estão fazendo o tal "PISA". 1 ano e meio depois de entregarem o shopping, após 20 anos de os moradores da zona sul ficarem ouvindo que ele seria construído por ali, estão mexendo em tudo novamente na área, desfazendo o serviço feito anteriormente. Mas é uma obra, pelo menos...

Todos os portoalegrenses e gaúchos se orgulham de Porto Alegre. "Porto Alegre me faz tão sentimental", como diz a música-símbolo da cidade, cantada pela Isabela Fogaça. Mas é um sentimento que só quem vive aqui consegue captar e entender. Quem está de passagem não consegue ver essa beleza que vemos, essa singularidade, porque muito dela está em nós mesmos, no nosso povo, no nosso jeito de ser. Então um evento nosso é tomar chimarrão no Parcão, no Gasômetro ou na Redenção. Mas para quem vem de fora qual é a beleza disso?

A prova em si

Com todo respeito ao Paulo Silva, que é bem conceituado em matéria de organização de provas em todo o Brasil, mas a prova foi um fiasco. O revezamento pelo menos. O abastecimento estava bom, mas o percurso foi de chorar. Rústica, duplas e quartetos para um lado, octeto para outro.

Tem aquele ditado que diz: "Se dá para complicar, porque simplificar?" Se as equipes todas irão correr 42km, porque essa divisão, que acarreta mais logística, mais pessoal envolvido? Fiquei deitado horas e horas na cama pensando nessa esquisitice e só cheguei a uma conclusão: os octetos são muito competitivos e o objetivo era de que eles pudessem correr "tranquilos", com o caminho livre. Bom, mas aí alguém vai me questionar: os octetos precisam trocar a cada 5, 25km, por isso precisavam fazer trajeto diferente. Concordo, se a rústica e o restante do revezamento não tivessem passado pelo Barra com 6km e alguma coisa... porque daí é só suprimir alguma voltinha aqui ou ali que a conta fecha.


Bem, com tanto caminho para lá e para cá, é como eu digo seguidamente: tem tudo para dar errado. E, obviamente, deu. Primeiro que a quilometragem estava errada. Completamente errada. Grosseiramente errada. Imperdoável para quem organiza provas há tanto tempo.

Minha primeira volta deu 12km, a segunda encurtaram num retorno antes, daí corri 22,53 ao invés e 21,1. Vou repetir para ser chato: 22,53 ao invés de 21,1. Não, não, não são 200m a mais. Praticamente 1,5 a mais. Não sei se encurtaram a segunda volta no meio do caminho, acho que sim, pela reclamação das pessoas, ou se era previsto. Também não importa. A rústica veio junto nessa lambança. O povo correu 12 ao invés dos 10 anunciados. E, obviamente, o segundo parceiro da dupla não fez nem os 21,1. Eu até fiz dentro do planejado, que era 5 por km. Até pensei que talvez pudesse melhorar um pouco, mas saindo com 24 graus ao 8h30 da manhã fica complicado. Aliás, era para ser às 8h30, mas, mesmo com todo o intervalo da maratona para o revezamento, nem assim conseguiram largar no horário correto. Saímos com 5 minutos de atraso.

Quando estava correndo pelo km 5, pensei: se a Rústica era 10 e estava junto conosco, alguma coisa precisava acontecer para que isso desse certo. Alguma mudança perto o final. Aí tivemos outro problema: a gente passava pelo Barra, retornava na entrada da Beira-Rio (antes havia um retorno confuso só para os octetos), passava novamente (???!!!) pela frente do Barra, e, ao invés de entrarmos, íamos mais um pouco à frente para retornar e finalmente entrar no estacionamento do shopping, onde dávamos mais uma volta maluca (???!!!) e começávamos a segunda "perna" do percurso, repetindo essas idiotices novamente. Se ficou confuso entender a minha explicação é porque estava meio complicado, não?

No final dessas maluquices-excentricidades-esquisitices-burrices a gente se deparava com o povo da maratona chegando. Aí, meus amigos, era o samba do crioulo doido: tinha tanto cone e sinalização reunidos, que era uma confusão visual e, logicamente, teve gente pegando o lado direito ao invés do esquerdo e chegando pelo lado que era do revezamento. Tá certo que esses corredores também se esforçaram um pouco para fazer isso... mas é que nem eu digo para a minha funcionária do departamento pessoal: não tem que estar claro para nós, que fizemos e sabemos como funciona, tem que estar claro para quem vai receber a informação.


Esse vaivém maluco qualquer pessoa que recém começou a correr sabe que é desgaste psicológico desnecessário. Está todo mundo cansado no final, não importa a distância, e então passa na frente da chegada, mas não chega, vai adiante e retorna. Francamente, vamos respeitar as pessoas, o esforço que eles fazem, os meses de treinos para alguns. Vamos simplificar. Por que não repetir o trajeto da Meia da Paquetá, onde só houve elogios? Por que inventar? Experiência a gente faz em laboratório, com os ratos. E, ainda assim, já há uma porção de movimentos contra.

Outro ponto que eu havia chamado a atenção: o horário da maratona e do revezamento. Puxa, isso é que nem interpretação de texto. Qual é a ideia principal de um? No caso, qual é o evento maior? O revezamento ou a maratona? A maratona, lógico. Então, é dela que se deve partir para completar o resto do roteiro. Senão a gente tem o que tivemos: 2 eventos distintos feito no mesmo lugar, em que ninguém participava ativamente do outro. Terminei a minha parte no revezamento, não pude nem suspirar direito, saí para procurar quem vinha terminando e encontrei-os já no km 41. E, quando fui embora, quase 1h da tarde, tinha gente saindo para correr sem ninguém praticamente prá vê-los correr. O revezamento podia ter saído 5, 10 minutos depois da maratona. Simples assim. Aí a gente corria, terminava, e ficava vendo o resto do evento que era o mais importante do dia. Mas sabe porque não deu para ser? Porque o trajeto era maluco. Ia para um lado, voltava para o outro, passava novamente na frente da largada. Aí não dava mesmo. Exigência do shopping, será? Ora, só tem sentido se a gente pudesse parar e comprar... Vou tentar ser claro: como tudo na vida, o percurso tem que ser objetivo. Vai para um lado, volta para outro. Só uma vez, sem voltinha aqui, voltinha ali. Se não sabem fazer uma coisa simples assim, aí... bem...

E o kit? Me-dí-o-cre. Uma camiseta e nada mais. Uns folhetos e informativos. Porque não dão pares de meias, por exemplo, então? Será que não se conseguem brindes para um prova tão importante, com um parceiro forte como a RBS? Falando nela, é muito falha a divulgação de onde passará a maratona, quais ruas serão fechadas. Há uns 5 anos (ou mais), corri em Curitiba e lá havia banners da maratona nas ruas informando: "esta rua estará fechada no dia tal das 6h às 13h". Será que é tão difícil ou oneroso fazer isso?


Vou falar novamente em Buenos Aires, que já citei aqui outra vez e que é 10 vezes maior que nossa mui leal e valorosa cidade: lá a prova cruza toda a cidade, sem se preocupar com o trânsito, porque é uma questão de divulgar a cidade e motivar os corredores. Será que não imaginam que os atletas precisam de gente apoiando perto do final? E do km 35 ao 41 não se vê praticamente nenhuma mísera alma?!

Está na hora de decidirem se realmente querem a prova na cidade. De o Prefeito, secretário e sei lá mais quem ver o desejam que ela signifique. Se é para fazer uma coisa mal feita num canto qualquer, escondida, onde só quem corre se envolve, então que se abandone de vez. O trajeto tem que contemplar a participação das pessoas e os pontos principais da cidade. Não é a EPTC que deve determiná-lo para não atrapalhar a fluidez do trânsito. A cidade é maior que um órgão de trânsito. Pelo contrário, alguém tem que dizer: "O trajeto é esse, e vocês que se virem para organizar o trânsito, que é para isso que vocês estão aí." Obviamente, com um pouquinho mais de sutileza.


A maratona de Porto Alegre precisa se reciclar, isso é evidente. Não dá só para esperar que se faça frio no dia. Quando isso acontece, tudo é perfeito, ninguém vai reclamar, os defeitos passam despercebidos. Mas e quando não acontece, como há 3 anos?

No meu entendimento, a organização da prova bateu no seu limite. O Paulo Silva tem muitos méritos, foi ele que profissionalizou a coisa, organizou, colocou num outro patamar e tudo mais, só que ele não tira mais coelho daquela cartola. É preciso que se auxilie de outras pessoas que se envolvam, que tragam novas ideias (ou nem tanto assim), que deem um "Sopro de Vida", como escreveu a Clarice Lispector.

Só para exemplificar o que pode ser feito: em novembro de 2003 corri a maratona de Mônaco. Seria covardia comparar a beleza do Principado com Porto Alegre, mas nem por isso não podemos tirar ideias de lá. E isso que já faz praticamente 8 anos. Quase uma década. Foi a melhor maratona que já fiz. Era recém a 7ª edição dela (foi a 28ª de POA...). Pois bem. Todo mundo que era de fora, eu, por exemplo, era chamado para participar do que eles chamavam de "loteria". Sorteavam um brinde qualquer para todos que não eram da França ou Itália (Mônaco fica entre os dois e a prova cruzava ambos). Isso não pode ser feito por aqui para atrair mais corredores do Uruguai, Argentina, Chile, etc?

Lá em Mônaco, durante os 42 km da prova passei por inúmeras bandas tocando. Isso existe em diversas provas pelo mundo todo. Pois aqui não temos público, banda tocando e nem o frio tem aparecido. Ou Porto Alegre muda, ou daqui a alguns anos a maratona não passará de uma mera lembrança de quem um dia participou.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Uma cirurgia, o retorno e a maratona

Depois da prova de Gramado (post abaixo), tive que parar por conta de uma cirurgia. Havia ido no médico na sexta anterior à prova, e ele decidiu realizar a brincadeira no sábado seguinte. Embora tenha me assustado antes de consultá-lo, não era nada de grave, mas tinha que ser feito. Isso me tirou da maratona.

Somente 3 semanas depois voltei a correr, numa quinta, 8 km com a Bruna. No sábado, tínhamos treino coletivo e preparatório para a Maratona de Porto Alegre, lá no Lami, extremo sul da cidade. O Dani queria que eu corresse 22 km. Eu disse: "Bem capaz. 15 quando muito." Mas acompanhei a Bruna, que ia fazer 35. Lá pelo 12 estava difícil, pois no 17,5 tínhamos que voltar e chegar lá parecia uma eternidade.

Mas cheguei. E voltei. E parece que tudo recomeçou quase do zero. Me entusisasmei, embora algumas dores decorrentes da parada de 3 semanas. E só fui abandonar e dizer que não dava mais para a Bruna no km 30.


Talvez por conta desse esforço desmedido, durante a semana fiquei meio doente. Não corri nenhum dia. No sábado, a Bruna me chama para acompanhá-la no treino, que precisava ser de 2h40. No km 20 abandonei. Ela fez super bem o resto, mas eu senti a fraqueza por ter ficado doente. Ainda tomei um Dorico pela manhã. Sem ele, talvez nem conseguisse fazer 20.


Na terça seguinte, corri apenas 7 km. De forma alucinada, como se pode ver nos dados do Garmin abaixo.


Na quinta, mais um treino com a Bruna. Ela reclama no início que não está num bom dia, se sente fraca, paramos para um abastecimento no km 5 e depois no km 10, onde ela devora 2 bolinhos da Nutrella. Parece que aquilo deu um gás fora do comum, porque resolveu enlouquecer e correr muito, não importando se era plano ou subida. E eu comecei a sentir o treino.

Lá pelo km 12, quando começa a descer, peço a ela que desligue o turbo, mas é em vão. Os quilômetros se seguem, cada um mais rápido que outro, até que finalizamos o treino, 19 km, fazendo o último km a 4:30. Na verdade, eu sempre insisti com ela que treino devia ser assim mesmo: tentando terminar mais forte do que estava antes. Acostumar o corpo a não morrer no final e sim acelerar. Claro, nem sempre dá. Mas a intenção é tentar.




Bom, para ela, foram ótimos treinos. Para mim, eu diria: não façam nada do que eu fiz. Foi como disse a ela quando corri os 30 km: não vou correr a semana inteira, azar, pois não vai me fazer diferença, vou descansar depois. Mas, de certa forma, tudo foi errado. Quando a gente retorna, tem que começar devagar e ir subindo quilometragem e velocidade aos poucos, para evitar lesões. Tem que ser gradual. Mas assumi o risco.

Hoje, o cara da NET está aqui no escritório até agora, 20h15, e estragou o meu treino. Tentarei compensar amanhã talvez, senão só quinta mesmo. E domingo teremos a grande festa da Maratona. Correrei em dupla, serei o segundo. O revezamento sai mais tarde do que o pessoal da maratona e isso, sinceramente, pode ser por questão de logística, mas está tirando a chance de as pessoas do revezamento poderem acompanhar quem está na maratona. Quando eu terminar os meus 21 km, o povo da maratona talvez já a tenha terminado há quase uma hora. Perco a prova dos outros, que é a principal do dia, e ainda não tenho ninguém para me ver chegando. Sem comentários.

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