sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Maratonas em seqüência




Algo sobre o qual alguns me criticam, me chamam de louco ou coisas do gênero, é o fato de eu defender que as pessoas corram maratonas seguidas de outras.

Existem estudos técnicos que indicam que o ideal é as pessoas correrem só 2 maratonas por ano. No entanto, isso vale, a meu ver, para pessoas competitivas, diria até profissionais. Nós, pangarés cansados, podemos nos dar ao luxo de correr mais maratonas por ano sem grandes riscos de lesões.

Defendo isso porque acho que o ruim, o xis da questão, é ter que treinar mesmo. Então, em função disso, penso que é razoável em matéria de logística que se aproveite o treino e que corramos outra maratona. É claro que é preciso ter consciência de que uma das provas apenas é que deve ser feita em termos competitivos e a(s) outra(s) apenas para se completar bem, sem esforços extremos.

Em 2003, corri em Mônaco e na semana seguinte em Florença, que tinha um percurso bem mais fácil e na qual poderia ter melhorado o tempo da maratona do principado, mas isso só não foi possível por causa de uma meia mal posta que gerou uma bolha que impediu a melhora.

Em 2006, repeti a estratégia correndo em POA e 15 dias depois em SP, com boa performance em ambas, apesar do cansaço na segunda, mas mais por outras condições (leia-se festa e mulher) do que pelo fato de fazer duas maratonas em duas semanas.

Em 2007, acrescentei a maratona do Rio de Janeiro a essas duas e completei as três em um mês, também com performances dentro do previsto em todas as provas. Verdade que a lesão no ano passado gerou dúvidas em alguns amigos sobre a racionalidade disso tudo, muito embora eu já tenha explicado 123.457 vezes que me lesionei porque fui jogar bola depois de 2 anos, mas a lesão foi a desculpa que queriam para dizer “Eu não disse?”

Agora, em 2009, muitas pessoas pretendem fazer exatamente a mesma coisa, em função de dois motivos em especial: o desafio lançado pela revista Contra Relógio de se disputar as seis maratonas do Brasil e oferecer troféus especiais em razão disso, e o fato da maior popularização dos MMs – Marathon Maniacs, e da consequente perspectiva que muitos têm de ingressarem no grupo.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Novos locais


Algo que tem incomodado bastante as pessoas que correm aqui em Porto Alegre é o fato de as corridas serem sempre na Av. Beira Rio. É verdade que lá o trajeto é bem propício, plano, fácil de se fechar o trânsito e, em função disso, ótimo em questão de logística.

No entanto, praticamente todas as corridas são ali. Isso satura as pessoas, pois todo mundo quer desafios além de apenas baixar o tempo na prova. Porto Alegre tem bons locais para se fazerem provas legais. Parece, pelo que sei e li por aí, que há uma grande resistência da EPTC (o órgão regulador do trânsito na capital), em função do transtorno que uma prova possa causar à circulação automobilística da cidade. (Como se domingo pela manhã fosse assim tão movimentado)

Seria interessante que se transpusesse essa barreira, porque Porto Alegre e os corredores precisam de provas em outros locais, pois, acima de tudo, isso afeta a questão motivacional dos atletas, condição fundamental para que as pessoas possam continuar correndo e se interessando pelo universo das corridas, ainda mais aqui no RS em que é preciso bastante perseverança em tempos de inverno para não resistir à tentação de largar tudo e ficar sentado na poltrona vendo tv e comendo chocolate.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Preparação adequada


Mês passado, escrevi para a revista Contra-Relógio. O Tomaz, editor, ficou de abordar o tema. Mas vou abordá-lo aqui também.


Ando preocupado com o que eu acho que seja uma guerra fria entre as academias, assessorias e treinadores para salientarem-se mais, esquecendo o foco principal que é a preparação adequada das pessoas para encararem uma prova, seja ela qual a distância que seja.

Existe um boom no segmento de corridas. Muita gente tem chegado para iniciar na atividade e isso se deve, em grande parte, aos revezamentos, que foram chamando gente, que chamaram os amigos, colegas, que chamaram... e por aí se foi.

Embora seja extremamente salutar que as pessoas estejam iniciando atividades físicas, preocupadas com seu bem-estar e sua saúde, é preciso levar em consideração que existe um processo normal, relativamente lento que os sedentários e iniciantes precisam obedecer, principalmente aqueles que estão perto da faixa dos 30 anos em diante.

Uma coisa é um jovem, como eu, que com 17 anos encarei minha primeira maratona, sem treinamento, orientação e conhecimento, e outra coisa é alguém já com sequelas da vida, com os desgastes que o tempo dá, com 30 anos ou mais, iniciar uma preparação e já querer correr uma maratona. Isso acontece muito no mundo masculino, que se considera 'forte' para encarar qualquer desafio. Tem um que de auto-afirmação nisso também.

Aí a gente olha os números das pessoas que completam maratonas ou provas de 10km e se assusta com o desempenho muitas vezes pífio, mesmo com 90% delas estando com assessorias esportivas. Porque significa que há falta de planejamento ou de treinamento para encarar o desafio.

A meu ver, existem alguns números limites para se encarar determinadas provas. Por exemplo: acho que homem deve correr 10km em no máximo 50 minutos e mulher em 55. Acima disso, melhor se preparar mais adequadamente. E em maratonas, fechá-las em no máximo 4h13, que dá 6min/km, que é uma média aceitável para um nível de sofrimento igualmente aceitável, que certamente haverá em uma prova com essa distância.

Por isso, na minha modesta opinião, há uma euforia – talvez seja esse o melhor termo – por parte de treinadores e assessorias em colocar todo mundo a encarar uma prova, muitas vezes em busca do marketing da equipe, esquecendo que a corrida é parte de uma filosofia que foca a qualidade de vida e, certamente, o sofrimento em uma prova vem na contramão desse pensamento.

Portanto, se quiseres encarar uma maratona, faça uma meia dúzia de meias antes, de preferência terminando alguma em torno de 1h45. Se for fazer 10km, treine isso. Mas, sobretudo, tenha consciência do nível de treinamento e experiência que tem antes de encarar qualquer desafio, por mais tentador que possa parecer.

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