terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Marathon Maniacs



Na Revista Contra-Relógio de outubro, na página 13, há uma matéria intitulada “Maníacos por Maratonas” que relatava que, na Maratona de Punta Del Este, que eu fiz, havia um participante “maníaco” que completara, e que acabou me chamando atenção sobre o fato de existir um site americano (www.marathonmaniacs.com) que congrega essa turma que é viciada em correr uma maratoninha para passar o tempo.

Como eles mesmo dizem, o tempo não é exatamente importante, mas o fato de terminar e se divertir (“After all, isn't that why we do this?”). Existem cerca de 1.200 “maníacos”, a maioria americanos, lógico, já que lá existem diversas maratonas no mesmo fim-de-semana, e, por conta disso, foi possível ao Dean Karnazes realizar a tarefa de 50 maratonas em 50 dias. Aqui no Brasil, existem só 6. No ano...

Pesquisando o site, é possível ver que há diversos integrantes com 50 maratonas no ano, o que dá mais ou menos uma por semana. Aqui em Porto Alegre, creio que eu seja o segundo (sou o "maníaco" 1204), já que o João Gabbardo, ex-secretário da saúde do Governo Riggoto, que fez uma palestra ontem na minha academia (Bio Fitness) sobre o projeto dele (www.correndocomsaude.wordpress.com), deva ser o primeiro.

Para ser um maníaco existem diversos critérios (e níveis). No meu caso, que a meu ver, seja um dos requisitos mais fáceis, foi o fato de correr 2 maratonas em dois finais de semana seguidos, o que eu já fiz duas vezes (ano passado, em POA e depois SP, e em 2003, correndo Mônaco e Florença). Isso me dá o nível “Bronze”.

Ano que vem, se tudo der certo, já que fui liberado pelo médico para voltar a correr pelas ruas, vou tentar galgar algum nível acima: prata (3 maratonas em 3 semanas – já fiz em 1 mês - ou 6 em 6 meses) ou ouro (4 maratonas em 6 semanas) ou ainda Iridium (4 em 4 semanas).

Maratona de Punta Del Este

Dia 07 de setembro de 2008.
A prova em si foi dureza. A gente, não sei porque cargas d'água, encasquetou que ela era plana, ou seja, “fácil” para uma maratona. Tinha gente preocupada com o frio e o vento (e eles eram assustadores nas duas noites anteriores, mesmo para nós, gaúchos), tanto que saíram de mangas compridas, luvas e outros que tais. 

Acho que foi uma decisão acertada da minha parte sair de mangar curtas, porque o tempo oscilou demais durante a maratona. Saímos debaixo de chuva e frio, vento bandido em alguns pontos e lá por 2h de prova o sol ameaçou dar o ar da sua graça, e nos poucos instantes em que ele apareceu, foi preocupante, porque veio com tudo. 
No km 25, passávamos praticamente na esquina do nosso hotel. Parte da galera da minha equipe que havia corrido somente a rústica andava por lá, além dos acompanhantes de alguns maratonistas. 4 gurias que correram estavam também nas bikes dando apoio e tirando fotos. 
A gente tem que tirar o chapéu para isso, para quem dá suporte. Ajuda muito.
Me arrependi de não ter pego nada naquela hora quando uma delas me ofereceu, porque ela só foi aparecer novamente depois no km 35. Muita coisa muda em 2km numa maratona na parte final da prova. A gente cansa e a energia simplesmente some. Não vem aviso prévio. 
Fiz a prova com o meu amigo até o km 32, 33, mas não tinha treino suficiente para acompanhá-lo. Havia treinado apenas um dia 28km e outro 35, que eu fiz mais para ter certeza que eu não iria fazer fiasco na maratona. No mais, não consegui treinar mais que 14. Acho que algumas questões externas deviam estar influenciando e tirando o meu foco.
Quando a loirinha da bike me reencontrou no km 35, disse: “Bah, Júlio, me matei para te alcançar aqui.” Depois da prova disse que se sentia como se houvesse completado a maratona também. E é bem assim. A gente se sente parte integrante da vitória pessoal de cada um. Ela foi lá no pessoal mais lento, depois voltou em mim. 
Isso é desgastante, sei bem como, porque fiz aqui em Porto Alegre. A gente quer chegar logo em todo mundo e pedala como se o mundo fosse acabar logo ali na frente. Ela me reanimou com Gatorade e aquele sorrisinho, até que teve que seguir viagem em busca do pessoal que estava ainda mais à frente. Engraçado foi ela contando que tinha tirado uma foto só da minha barriga. Depois da prova disse que não saiu a testa na outra e então a gente se matava rindo que a terceira é que iria conseguir juntar com as outras duas para dar uma. Parece simples, mas é preciso passar de bike pela pessoa que está correndo, parar bem mais adiante, descer, ligar máquina correndo e fotografar. Homens e loiras têm dificuldade.
Os uruguaios foram super receptivos conosco. Se esforçaram ao máximo para oferecer uma boa prova, com muita, muita hospitalidade. Nas ruas havia várias pessoas gritando Porto Alegre (escrito na nossa camiseta) ou Brasil. E, antes da largada, até tocaram o hino nacional, homenageando-nos pelo 7 de setembro. Isso praticamente anula os pequenos erros técnicos da prova, como servir água em copos abertos e de 5 em 5km, e os 200m a mais.
A boa notícia foi que terminei em 3h35, mais ou menos o que eu esperava. A má notícia depois da prova foi que tive fratura por estresse no terço proximal do fêmur e só retornei aos treinos, uns 10 kg mais pesado, semana passado, mais de 3 meses depois do ocorrido.

segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Supermaratona de Rio Grande 2009


Já estão abertas (aqui) as inscrições para a Supermaratona (50km) de Rio Grande, que se realizará dia 15 de fevereiro de 2009. 


O evento de 2009 vai ser palco do encontro dos MMs (Marathon Manics) brasileiros, dentre os quais eu me incluo. Não sei será possível correr lá (muito provavelmente não), pois estive lesionado desde 07 de setembro, desde que voltei da Maratona de Punta Del Este com fratura por estresse no fêmur. Recém estou reiniciando as atividades esportivas, com uns 10 quilos a mais, conseguindo correr cerca de 4km quando me proponho a tal. (Tá certo que está o maior calor aqui em Porto Alegre...)

Corri 3 vezes em Rio Grande. Na primeira, em 2003, estava mal preparado, acima do peso, e corri mal. A prova terminou no km 27. Depois disso, foi caminhar, sofrer, correr e terminar em 5h23. Em 2005 voltei superpreparado, havia treinado debaixo de muito sol em dezembro, quando tirei férias, mas a organização estragou todo o meu planejamento, ao negar o elemento mais essencial numa maratona: água. Nos cerca de 27 ou 30 km que corri, só tomei 2 ou 3 copos (abertos) de água, quando o programado era abastecimento de 5 em 5km. O meu primeiro gole de água foi no km 11... Isso me irritou profundamente, tirando a concentração e a possibilidade de fazer uma boa prova, o que eu acreditava que aconteceria. Acabei por desistir. Mas voltei no ano seguinte, para fazer a boa prova que não saiu no ano anterior, terminando em 4h07 e, inclusive, melhorando minha performance nos últimos 8km que são na areia da beira da praia.

Rio Grande é, mais do que nunca, uma prova em que é extremamente necessário chegar bem treinado ou o sofrimento será enorme, porque é a única maratona feita no verão, há poucas pessoas correndo (cerca de 300) - o que nos faz correr mais solitários durante algum tempo - e ainda existem mais 8km além dos 42 normais. 

É uma prova para ser feita de forma conservadora, sempre dosando as energias, para evitar o desgaste e a desidratação por conta do sol e do calor. Uns 10 ou 15s por km mais lento do que se está acostumado a correr numa maratona 'normal' é um bom parâmetro.

3º Desafrio Uribici - 2006


Dia 24/6/2006, sábado, participei do 3º Desafrio Urubici 50km, na cidade homônima. Urubici fica na serra catarinense, a cerca de 60km de São Joaquim, sua vizinha mais famosa pela neve. Urubici, no entanto, possui o ponto mais de alto do sul do Brasil – o Morro da Igreja – com mais de 1.800m de altitude, tendo, inclusive, feito -17°C em 1990.

O acesso de Porto Alegre pode ser feito via BR 101–Criciúma–Serra do Rio do Rastro (muita linda esta parte) ou, como fizemos, via Canoas-Caxias do Sul-Vacaria-Lages. Digo fizemos, porque passei por Novo Hamburgo e peguei o William, que foi meu parceiro de viagem. Nos conhecemos naquele dia mesmo. Coisas de corredores fissurados por aventuras. Levamos 6h30 para perfazer os 450km na sexta-feira.

Chegando, fomos direto ao Urubici Park Hotel, onde estávamos com reserva para a hospedagem e onde se realizava a entrega do kit da prova. ‘Kit’ é uma benevolência com a organização. Na verdade, havia uma sacola com o número e uma camiseta de algodão, modestíssima pelos R$ 80,00 de inscrição que pagamos em uma prova com o aval da patrocinadora da Seleção Brasileira de Futebol. Na entrega do ‘kit’, é feita uma checagem do material obrigatório para a prova: água, manta de sobrevivência, atadura, apito, toca e luva (no dia da prova, novamente é checado o material). Após isso, podíamos desfrutar de um jantar de massas no hotel (tradicional no dia pré-maratona), pelo qual pagamos mais R$ 15,00.

A prova propriamente dita

A largada ocorria às 7h30. Cerca de 90 corredores estavam perfilados. De DesaFRIO não teve nada, porque largamos com uns 16 graus e cheguei com cerca de 24. Os 10 primeiros quilômetros são relativamente tranqüilos e planos, embora sejam feitos em chão batido, como se diz. Fiz em 56 minutos este trecho. Daí começam os ‘problemas’. No início do km 11 há um trecho absurdamente íngreme e embarrado. Tinha-se que subir segurando-se nos matos do próprio chão. Quase subíamos de joelhos. E escorregava-se muito. Levamos (eu e o grupo que andava próximo a mim) 17 minutos para perfazê-lo! E os próximos 2 eram igualmente dificílimos. Levei 35 minutos para correr os kms 11, 12 e 13! Após essa pedreira, uma linda cachoeira, na qual parei para tirar fotos. No km 16, um posto no qual tínhamos que assinar (no 25 e no 34 também). A partir daí, começa o asfalto e sobe-se muito, muito mesmo, caminhando na maior parte do tempo e correndo quando possível. Eu estimo que dos 50km, uns 20km são absolutamente impossíveis de serem corridos. Tem-se que caminhar.


Lá pelo km 20, tive que fazer um ‘pit stop’. Saí da estrada e entrei num matagal. Tive que voltar correndo, quase no meio da ‘atividade’, porque abelhas foram atraídas pelo sabor doce do carboidrato e do isotônico. Atirei a mochila no chão e tive que tirar a camiseta também, porque uma abelha tinha se ‘agarrado’ nas minhas costas. Levei umas 5 picadas e um outro rapaz que me ajudou umas 2 também.
Depois desta parte tragicômica, segui tranqüilo correndo e tirando fotos até o km 25, no morro da Igreja. É verdade que eu esperava uma Igreja no topo e só havia uma base militar. Levei 3:06:15 até lá. Ventava bastante. A volta é animadora. Desce-se bem depois do km 27 e dava para manter uma média de 5, 5:15/km até o km 34. Saímos do asfalto e começam as trilhas novamente. Normais até o km 39.

Então, há descidas estupidamente fortes e é impossível correr, e caminhar é igualmente difícil, também por causa do excesso de pedras. É necessário descer ‘travando’ o tempo todo e isso me causou uma dor insuportável no joelho direito por volta do km 40. Estava fazendo os kms em cerca de 6:55 cada nessa parte e comecei a fazê-los em cerca de 9:30. Eu caminhava mancando.
Logo após o posto de abastecimento no km 42, iniciava uma parte plana e fui tentando trotar e insistindo em correr e a operação quase iminente no joelho saiu dos meus pensamentos.

Fiz o km 44 em 6:30, a dor sumiu não sei como e fiz os 3 seguintes na média de 5:25 cada. Nisso, já havia passado uns 5 corredores e passei mais 1 assim que ingressamos na ‘civilização’. Faltando uns 2km passei outro corredor e faltando uns 200m, mais um. Terminei em 5:51:42, em 38° lugar, 5° dos 8 na categoria. A prova foi vencida pela 3ª. vez por Luís Antônio dos Santos, em 4:24:17, um pouco menos do que seu recorde na primeira edição.

Premiação

À noite, às 18h30, aconteceu a premiação. Havia sorteios de alguns brindes (meias, luvas, sacolas, garrafas) da patrocinadora, inclusive 3 pares de tênis. A meu ver, acho que seria interessante que os brindes (exceto os tênis) fossem distribuídos entre aqueles que não fossem premiados nas categorias (meu caso). Poder-se-ia contentar mais pessoas. A medalha de chegada deixou a desejar, levando-se em consideração o esforço que fizemos num percurso dificílimo. Era bonita, mas simples e fina. Os organizadores têm custos, sabemos, mas eles devem lembrar que os corredores também os têm. Ninguém vai se submeter a um esforço hercúleo em troca de uma mísera medalhinha. A inscrição é cara pelo que se tem à disposição. Gasta-se ainda em hotel e transporte e, com certeza, cada corredor deve ter despendido uma média de R$ 350,00 para realizar a prova. Essas coisas devem ser levadas em consideração. É uma prova que vale a pena fazer pela beleza do local e do trajeto. Para contar ponto com a namorada/esposa. Mas uma única vez. Acho que é muito danosa às articulações e seria uma risco repeti-la. Sem falar no custo-benefício para quem não tem premiação.
Sinceramente, daquelas provas que eu nunca vou dizer "queria voltar lá."

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